Dezenas de países reconhecem o Estado Palestino na ONU, isolando os EUA. França e Reino Unido juntam-se à China e Rússia no reconhecimento no Conselho de Segurança, enquanto a Holanda aguarda apesar do consenso crescente.

Reconhecimento histórico da ONU marca ponto de virada na formação do Estado Palestino
Num desenvolvimento diplomático significativo, dezenas de líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU em Nova Iorque para reconhecer formalmente o Estado Palestino. A cerimónia de reconhecimento coordenada representa uma importante mudança no consenso internacional sobre o conflito israelo-palestiniano e sinaliza um crescente isolamento para os Estados Unidos, que continuam a apoiar a posição de Israel.
Reconhecimento internacional em expansão
A última vaga de reconhecimento inclui França, Arábia Saudita, Andorra, Bélgica, Luxemburgo, Malta e Mónaco, após anúncios semelhantes do Reino Unido, Austrália e Canadá no fim de semana passado. Isto eleva o número total de países que reconhecem a Palestina para mais de 156 estados-membros da ONU, representando aproximadamente 80% da comunidade internacional.
"O facto de a Inglaterra e a França estarem entre esses países é importante porque são membros do Conselho de Segurança da ONU. Esse é o único órgão que pode realmente exercer pressão sobre Israel," disse o professor André Nollkaemper, especialista em direito internacional da Universidade de Amsterdão.
Quadro jurídico para o reconhecimento estatal
De acordo com o direito internacional, o reconhecimento de um estado requer o cumprimento de três critérios principais: território definido, população permanente e governo efetivo. O professor Nollkaemper explica que a situação da Palestina é única: "Aqui, o estado é reconhecido para contribuir para uma situação onde existe um governo efetivo. Esta é, portanto, uma maneira inversa de fazer as coisas. Com isso, tenta-se terminar a ocupação do território e contribuir para o estabelecimento de um governo legítimo efetivo que deve representar a Palestina."
Dinâmica global em mudança
O crescente reconhecimento ocidental está a mudar fundamentalmente as relações de poder internacionais. Com a França e o Reino Unido a juntarem-se agora à China e à Rússia no reconhecimento da Palestina, os Estados Unidos estão cada vez mais isolados como único membro permanente do Conselho de Segurança contra a formação do Estado Palestino. Este desenvolvimento ocorre enquanto os líderes mundiais se reúnem para a Assembleia Geral da ONU, onde o conflito de Gaza domina as discussões.
Posição holandesa e isolamento diplomático
A Holanda continua a recusar o reconhecimento, com o ministro das Relações Exteriores Van Weel afirmando que o país reconhecerá a Palestina "como parte de um processo político que deve começar agora". No entanto, os especialistas alertam que esta posição arrisca isolar a Holanda dentro da União Europeia e das instituições internacionais.
O movimento de reconhecimento representa quase 80 anos de esforços diplomáticos para uma solução de dois estados. À medida que a comunidade internacional se une cada vez mais em torno da formação do Estado Palestino, a pressão sobre Israel para terminar as operações militares em Gaza e retomar as negociações aumenta.