Presidente palestino Abbas discursou na ONU por vídeo após veto de entrada dos EUA, violando acordo da ONU. Abbas agradeceu países europeus pelo reconhecimento da Palestina e defendeu Estado independente.

Líder palestino forçado a discursar por videoconferência após conflito diplomático
O presidente palestino Mahmoud Abbas fez seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas na quinta-feira por videoconferência depois que os Estados Unidos impuseram uma proibição de entrada a ele e dezenas de funcionários palestinos. Este passo sem precedentes marca uma escalada significativa nas tensões entre Washington e a liderança palestina.
A participação forçada à distância ocorreu apesar das obrigações dos Estados Unidos sob o Acordo da Sede da ONU, que exige que o país anfitrião facilite o acesso a todos os participantes da ONU. Esta é apenas a segunda vez na história da ONU que um líder palestino tem o acesso negado, sendo que a anterior ocorreu em 1988, quando Yasser Arafat foi barrado.
Contexto político e reações internacionais
Em seu discurso, Abbas expressou sua gratidão aos países ocidentais, incluindo França, Reino Unido e Portugal, pelo recente reconhecimento do Estado palestino. Ele pediu uma paz duradoura com Israel e a criação de um Estado palestino independente, distanciando explicitamente seu governo do Hamas.
"Os crimes de guerra que Israel comete em Gaza entrarão para os livros de história como um dos desastres humanitários mais horríveis deste século e do anterior," declarou Abbas durante seu discurso.
Lex Takkenberg, um ex-funcionário da ONU com mais de trinta anos de experiência trabalhando com refugiados palestinos, condenou a ação americana como uma "violação flagrante das regras". Ele sugeriu que a decisão foi uma retaliação politicamente motivada pelo reconhecimento da Palestina por países europeus durante a atual Assembleia Geral.
Precedente histórico e implicações legais
A situação destaca a natureza incomum da decisão americana, já que até mesmo oponentes históricos dos Estados Unidos - incluindo o líder soviético Nikita Khrushchov e o líder comunista cubano Fidel Castro - receberam permissão para participar de reuniões da ONU em Nova York durante os 80 anos de história da organização.
Notavelmente, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian não foi barrado, o que levanta questões sobre a aplicação seletiva das restrições de entrada. Uma resolução da ONU aprovada por 145 estados-membros permitiu o discurso por vídeo de Abbas, apesar da exclusão física.
A Autoridade Palestina se posicionou como pronta para governar tanto a Cisjordânia quanto a Faixa de Gaza, com Abbas enfatizando que o Hamas deve ser desarmado. Esta postura surge enquanto a pressão internacional aumenta por uma solução política para o conflito em curso.