O Departamento de Justiça dos EUA liberou milhares de documentos sobre Jeffrey Epstein, mas extensas partes censuradas deixam questões importantes sem resposta. Vítimas expressam sentimentos mistos de validação e frustração, enquanto legisladores criticam a falta de transparência do governo.
Justiça dos EUA libera milhares de arquivos de Epstein, mas muito permanece oculto
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos liberou os primeiros milhares de documentos sobre o falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein, mas os arquivos altamente editados deixaram vítimas e legisladores frustrados com perguntas não respondidas. A divulgação, exigida pela Lei de Transparência dos Arquivos Epstein bipartidária assinada pelo presidente Trump em novembro de 2025, inclui aproximadamente 3.500 páginas de material de investigação, fotografias e documentos judiciais.
O que os documentos revelam - e o que não revelam
Os materiais recém-divulgados contêm inúmeras menções a figuras proeminentes, incluindo o ex-presidente Bill Clinton (mais de mil referências), Donald Trump (centenas de menções) e fotos mostrando Epstein com celebridades como Mick Jagger, Michael Jackson e Kevin Spacey. No entanto, os documentos não fornecem evidências de que os amigos poderosos de Epstein participaram de atividades criminosas.
'Só queremos que todas as evidências dos crimes venham à tona,' disse a vítima Liz Stein à BBC Radio. 'O Departamento de Justiça está se protegendo, não as vítimas,' acrescentou Lisa Phillips.
Um dos aspectos mais controversos são as extensas partes censuradas. Um documento de 119 páginas com depoimentos de testemunhas de um grande júri foi totalmente tornada ilegível, e muitos outros arquivos tiveram seções significativas obscurecidas. O congressista democrata Ro Khanna, que co-patrocinou a legislação de transparência com o republicano Thomas Massie, criticou a abordagem do governo: 'Esta divulgação não cumpre a lei que aprovamos. Por que há tantas partes censuradas quando o Congresso exigiu divulgação completa?'
Reações mistas das vítimas
Para as vítimas de Epstein, a divulgação dos documentos traz tanto validação quanto decepção. Maria Farmer, que apresentou uma queixa ao FBI sobre Epstein em 1996 e foi ignorada por anos, expressou emoções complexas: 'Sinto-me aliviada. Este é um dos dias mais bonitos da minha vida,' disse ela através de seus advogados. 'Mas estou triste por todas aquelas meninas que foram prejudicadas porque o FBI não fez seu trabalho.'
Dani Bensky, que afirma ter sido abusada por Epstein aos 17 anos, disse à NBC News: 'Há muita informação e ainda não tanto quanto talvez gostaríamos. Mas parece uma confirmação de que não estávamos contando uma história inventada.'
Consequências políticas e preocupações com transparência
A divulgação tornou-se politicamente carregada, com democratas acusando o governo Trump de falta de transparência. De acordo com uma análise da CNN, o governo não cumpriu totalmente os requisitos do Congresso e divulgou documentos incompletos com partes censuradas inconsistentes.
Funcionários do Departamento de Justiça defendem as partes censuradas, afirmando que protegem informações pessoais das vítimas de Epstein e de indivíduos privados, incluindo fotos de natureza sexual. O Subsecretário de Justiça Todd Blanche indicou que mais documentos serão divulgados nas próximas semanas, embora o volume exato e o cronograma permaneçam incertos.
Figuras notáveis nos arquivos
Os documentos contêm fotos anteriormente não divulgadas mostrando o ex-presidente Bill Clinton em várias situações, incluindo uma em que ele aparece em uma piscina ao lado de uma pessoa com o rosto obscurecido. O príncipe britânico Andrew, que enfrentou acusações de abuso sexual da vítima de Epstein Virginia Giuffre, aparece em fotos, incluindo uma em que está deitado no colo de várias pessoas com Ghislaine Maxwell rindo nas proximidades.
Maxwell, colaboradora de longa data de Epstein, foi condenada em 2021 por acusações federais de tráfico sexual e conspiração e está cumprindo uma sentença de 20 anos de prisão.
O que vem a seguir
O Departamento de Justiça prometeu divulgações adicionais nas próximas semanas, mas a extensão das futuras revelações permanece incerta. Para o presidente Trump e seu governo, a controvérsia em torno desses documentos não mostra sinais de diminuição, com pressão contínua de ambos os partidos por maior transparência.
Enquanto o país processa esta primeira onda de documentos, muitas perguntas permanecem sem resposta sobre quais informações ainda estão sendo retidas e quando - ou se - a verdade completa sobre a rede de Epstein virá à tona.
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