Tribunal francês rejeita bloqueio do site Shein após escândalo de bonecas sexuais

Um tribunal de Paris rejeitou o pedido do governo francês para suspender o site da Shein por 3 meses após um escândalo envolvendo a venda de bonecas sexuais infantis, considerando a medida 'desproporcional'. A empresa deve implementar verificação de idade para vendas futuras de produtos adultos.

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Justiça francesa dá vitória legal à Shein em caso de bonecas sexuais

Um tribunal de Paris concedeu uma importante vitória legal ao gigante chinês de fast-fashion Shein ao rejeitar o pedido do governo francês para suspender o site da empresa por três meses. O caso surgiu após um escândalo envolvendo a venda de bonecas sexuais infantis e armas na plataforma. O tribunal considerou que tal suspensão seria 'desproporcional', reconhecendo que a Shein agiu de forma adequada ao remover rapidamente os produtos controversos de sua plataforma.

Os produtos controversos e a batalha legal

A investigação começou em novembro de 2025, quando foi descoberto que o marketplace francês da Shein oferecia produtos perturbadores, incluindo bonecas sexuais infantis, armas e medicamentos proibidos. Um item particularmente chocante era uma boneca que se assemelhava a uma menina de 4 anos com um ursinho de pelúcia, comercializada como 'um brinquedo de masturbação para homens' e precificada em €186,94. As autoridades francesas prenderam pelo menos uma pessoa que havia encomendado tal boneca.

'Nossa prioridade continua sendo a proteção dos consumidores franceses e a garantia do cumprimento das leis e regulamentos locais,' declarou um porta-voz da Shein após a decisão do tribunal.

O governo francês inicialmente exigiu o fechamento completo do site, mas posteriormente reduziu seu pedido para bloquear apenas a seção onde vendedores externos podiam oferecer produtos. Esta parte do marketplace já estava fechada há mais de um mês após o escândalo inicial.

Raciocínio do tribunal e ações legais em curso

O tribunal de Paris determinou que a venda de bonecas sexuais infantis foi 'incidental' e que a Shein demonstrou comportamento responsável ao remover prontamente os itens ofensivos. No entanto, o tribunal impôs novos requisitos: para futuras vendas de bonecas sexuais 'normais', a Shein deve implementar verificação de idade para os compradores, com uma multa de €10.000 por cada violação.

Apesar da decisão, o governo francês anunciou planos de recorrer. 'Acreditamos que uma suspensão de três meses é necessária para enviar um sinal forte sobre a responsabilidade das plataformas,' disse um funcionário do governo a repórteres.

Ações judiciais separadas continuam contra os vendedores das bonecas sexuais infantis, e promotores franceses abriram investigações contra a Shein e plataformas rivais, incluindo AliExpress, Temu e Wish, por disseminarem conteúdo pornográfico acessível a menores.

Controvérsias mais amplas da Shein na França

Esta batalha legal ocorre em um momento sensível para a Shein na França. No início de novembro de 2025, a empresa abriu sua primeira loja física mundial na loja de departamentos BHV Marais, em Paris, onde enfrentou protestos de ativistas ambientais e representantes da indústria da moda tradicional que criticaram as práticas da empresa.

A Shein, agora a maior vendedora online de moda do mundo, com receita de aproximadamente €35 bilhões, tem enfrentado críticas crescentes globalmente por seu impacto ambiental e práticas trabalhistas. De acordo com a Yale Climate Connections, a Shein se tornou o maior poluidor da indústria da moda, com emissões de CO2 de 16,7 milhões de toneladas em 2023 - mais do que quatro usinas de carvão emitem anualmente.

O modelo de ultra-fast-fashion da empresa, impulsionado por previsão de demanda baseada em IA, permite a produção de até 10.000 novos itens por dia. Um relatório de julho de 2025 da China Labor Watch e da ActionAid revelou graves violações trabalhistas na cadeia de suprimentos da Shein em Guangzhou, China, incluindo preocupações salariais, riscos de saúde e segurança e potenciais riscos de trabalho forçado.

Regulação e impacto na indústria

O caso da Shein destaca desafios regulatórios mais amplos para plataformas de e-commerce em todo o mundo. O ministro das Finanças francês, Roland Lescure, havia alertado anteriormente que baniria a Shein do mercado francês se tais itens reaparecessem online. O alto comissário francês para os direitos das crianças descreveu as bonecas como 'objetos pedófilos' usados por agressores antes de abusarem de crianças.

O escândalo também afetou outros varejistas. O gigante holandês de e-commerce Bol.com suspendeu a venda de todas as bonecas sexuais após condenações em um caso semelhante, mostrando como a pressão regulatória se espalha pela indústria.

Enquanto a Shein reabre gradualmente seu marketplace na França, a categoria para adultos permanece fechada globalmente após o escândalo. A empresa prometeu cooperação total com as autoridades francesas, incluindo oferecer-se para compartilhar nomes de clientes com a polícia, se solicitado.

A batalha legal em curso representa um caso de teste crítico para como os reguladores europeus equilibram a proteção do consumidor com as operações comerciais no mercado digital em rápida evolução.

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