Novo estudo mostra método eficaz para afastar gaivotas
Se você já teve suas batatas fritas ou peixe furtados por uma gaivota na praia, agora existe evidência científica sobre o que funciona melhor para proteger sua comida. Pesquisadores da University of Exeter descobriram que gritar com gaivotas é significativamente mais eficaz do que falar com elas quando tentam roubar sua refeição.
Pesquisa inovadora na Cornualha
O estudo, publicado na prestigiada revista Biology Letters, testou 61 gaivotas-prateadas em nove localidades costeiras na Cornualha, Inglaterra. Os pesquisadores usaram cinco voluntários masculinos que gravaram a mesma frase: "Não! Saiam! Isso é minha comida!" tanto em vozes gritadas quanto faladas. As gravações foram reproduzidas através de alto-falantes colocados ao lado de sacos de batatas fritas para testar as reações das aves.
"Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a testar se animais selvagens podem perceber diferenças acústicas em vozes masculinas pronunciando a mesma frase," escreveram os autores em seu artigo publicado.
Diferenças significativas na resposta
Os resultados foram notáveis. Quando expostas aos gritos, quase metade das gaivotas (10 das 21 testadas) voaram para longe dentro de um minuto. Em contraste, apenas três gaivotas voaram quando ouviram as mesmas palavras faladas calmamente. Como controle, os pesquisadores também reproduziram sons de pisco-de-peito-ruivo, o que fez apenas três gaivotas voarem, similar à resposta à voz falada.
A pesquisadora principal Dra. Neeltje Boogert explicou as descobertas à Associated Press: "Falar pode fazer as gaivotas pararem, mas gritar funciona melhor para fazê-las voar para longe."
Por que vozes masculinas foram usadas
Os pesquisadores optaram por usar especificamente vozes masculinas porque estatisticamente os homens causam mais ferimentos a animais selvagens do que as mulheres. Esta decisão fornece dados fundamentais importantes para entender como as gaivotas percebem ameaças humanas. Os autores do estudo observaram que pesquisas futuras poderiam investigar se as gaivotas respondem diferentemente a vozes femininas e se podem detectar diferenças de gênero na fala humana.
Implicações práticas para visitantes costeiros
Esta pesquisa tem aplicações práticas diretas para qualquer pessoa que visite áreas costeiras onde as gaivotas são comuns. A gaivota-prateada, a espécie testada neste estudo, também é comum em Portugal e outras áreas costeiras europeias. Estas aves são espécies protegidas em muitos países, incluindo Portugal, onde a Proteção Animal aconselha não alimentá-las e recomenda descartar o lixo adequadamente.
O estudo mostra que métodos não agressivos podem efetivamente dissuadir gaivotas sem prejudicar estas aves protegidas. Isto é especialmente importante porque as gaivotas enfrentam problemas de conservação em muitas regiões.
Implicações mais amplas para interações humano-animal
Esta pesquisa contribui para nossa compreensão de como animais selvagens urbanos se adaptam à presença humana. O fato de que as gaivotas podem distinguir entre diferentes qualidades vocais na fala humana sugere que elas desenvolveram habilidades auditivas de processamento avançadas em resposta à convivência com humanos.
A pesquisa foi conduzida em fevereiro e março de 2025 em múltiplos locais na Cornualha, garantindo resultados robustos e representativos. Os pesquisadores controlaram cuidadosamente ruídos de fundo e perfis de volume, tornando as descobertas particularmente confiáveis.
Como a Dra. Boogert enfatizou: "Lembre-se que as gaivotas, assim como você, têm direito a um lugar para viver." Esta pesquisa oferece métodos pacíficos e eficazes para coexistir com estas aves inteligentes enquanto protege seu almoço.