Guitarrista Lendário Steve Cropper Morre aos 84 Anos

O Fim de uma Era: O Legado de Steve Cropper na Música Americana

O mundo da música está de luto pela perda de uma de suas figuras mais influentes. Steve Cropper, o lendário guitarrista e compositor que ajudou a definir o som soul de Memphis, faleceu em 3 de dezembro de 2025, aos 84 anos, em sua casa em Nashville. Embora a causa exata da morte não tenha sido divulgada, fontes confirmam que ele havia sofrido uma queda recentemente e estava em reabilitação, mas continuou a trabalhar em nova música até o fim.

O Arquiteto do Soul de Memphis

Nascido em 1941 no Missouri, mas criado em Memphis a partir dos nove anos, Cropper chegou à cidade exatamente quando a mistura única de gospel, jazz e rock 'n' roll inicial estava ganhando reconhecimento internacional. 'Eu nunca tinha ouvido gospel ou R&B,' ele lembrou sobre sua juventude. 'Mas depois de ouvir gospel no rádio em Memphis, eu estava vendido.' Esse despertar musical moldaria toda a sua carreira.

A jornada de Cropper começou com uma guitarra comprada por correspondência e lições que ele aprendeu observando um amigo que recebia instrução formal. Sua filosofia era simples, mas profunda: 'Você só precisa aprender uma nota e então tocá-la em lugares diferentes.' Essa abordagem se tornaria a base de seu estilo característico - econômico, soulful e perfeitamente sincronizado.

A Revolução da Stax Records

No início dos anos 60, Cropper juntou-se à banda de sessão da nascente Stax Records, que logo rivalizaria com a famosa Sun Records como o principal estúdio de gravação de Memphis. Com seu quarteto Booker T. & the M.G.'s, ele alcançou um enorme sucesso em 1962 com o instrumental 'Green Onions,' que introduziu o órgão Hammond na música pop mainstream e se tornou um clássico instantâneo.

O que tornou a banda de Cropper particularmente notável foi sua composição durante o Sul segregado. O grupo consistia em Cropper (branco) na guitarra, um baixista branco e um baterista e tecladista negros. 'Na Stax, não olhávamos para a cor,' explicou Cropper. 'Estávamos todos lá pelo mesmo motivo: fazer um sucesso.' Essa abordagem integrada foi revolucionária para a época.

Entre 1961 e 1970, Cropper alegou ter estado envolvido em quase todas as gravações da Stax. Suas colaborações leem-se como um 'quem é quem' da música soul: ele co-escreveu 'In the Midnight Hour' de Wilson Pickett, inspirado por uma linha de gospel; forneceu os licks de guitarra inesquecíveis para 'Soul Man' de Sam & Dave (onde se ouve alguém gritar 'Play it, Steve!'); e trabalhou com Isaac Hayes e inúmeros outros.

Descobrindo Otis Redding

Uma das contribuições mais importantes de Cropper foi a descoberta de Otis Redding. A história conta que Redding chegou à Stax como motorista de outro artista e insistiu em um teste. 'Ele começou a cantar 'These Arms of Mine' e eu fiquei pasmo,' lembrou Cropper. 'Arrepios. Quando eu disse para ele parar, ele perguntou se eu não gostava. Eu disse: 'Eu estou simplesmente impressionado.''

Essa colaboração renderia a obra-prima póstuma de Redding, '(Sittin' on) The Dock of the Bay,' que Cropper havia acabado de finalizar quando recebeu a notícia da morte do cantor de 26 anos em um acidente de avião. A música se tornou o maior sucesso de Redding e um padrão do soul.

Além da Stax e Influência Duradoura

Após deixar a Stax em 1970, Cropper continuou a moldar a música em todos os gêneros. Ele colaborou com gigantes musicais, de B.B. King e John Lennon a Rod Stewart e Paul Simon. Seu papel como guitarrista no filme 'The Blues Brothers' de 1980 apresentou sua música a uma nova geração, com suas próprias composições como 'Soul Man' e 'Hold on, I'm Comin'.'

As honrarias de Cropper falam por seu impacto duradouro: ingressou no Rock and Roll Hall of Fame em 1992, foi classificado na 45ª posição na lista da Rolling Stone '250 Greatest Guitarists of All Time', e recebeu um Grammy Lifetime Achievement Award em 2007. De acordo com a CBS News, ele havia recebido recentemente a mais alta honraria artística do Tennessee e lançado um álbum em 2024 intitulado 'Friendlytown'.

Um Legado que Vive

A abordagem de Steve Cropper à música era enganosamente simples, mas profundamente eficaz. 'Eu ouço a música e como eles a cantam,' ele explicou sobre seu processo colaborativo. 'E então eu toco em torno disso.' Essa capacidade de realçar em vez de dominar o fez o músico de sessão e colaborador perfeito.

Como The New York Times observou em seu obituário, Cropper refletiu certa vez: 'Tive a sorte de fazer parte da geração que introduziu a música rhythm-and-blues para o resto do mundo. Nós não tínhamos a menor ideia do que estávamos fazendo. Nós só estávamos fazendo isso para nos divertir.'

Essa diversão criou algumas das músicas mais duradouras do século XX. Embora Cropper não esteja mais entre nós, seus licks de guitarra continuam a ressoar através de alto-falantes em todo o mundo, garantindo que o som soul de Memphis que ele ajudou a criar viva para as futuras gerações.