Trump envia 300 tropas da Guarda Nacional para Chicago contra a vontade do governador, enquanto juiz federal bloqueia envio similar em Portland, gerando crise constitucional sobre autoridade presidencial.

Intervenção federal em Chicago gera crise constitucional
O presidente Donald Trump autorizou o envio de 300 membros da Guarda Nacional para Chicago, representando a mais recente escalada em seu controverso uso de tropas militares em cidades americanas. A decisão coincide com uma liminar de um juiz federal que bloqueia o planejado envio de tropas da Guarda Nacional para Portland, Oregon, resultando em um confronto constitucional sobre autoridade presidencial.
Envio para Chicago enfrenta oposição local
A Casa Branca anunciou o envio para Chicago, afirmando que os guardas 'devem proteger funcionários e propriedades federais' em meio ao que descreveram como 'ilegalidade que assola cidades americanas.' No entanto, o governador J.B. Pritzker de Illinois imediatamente condenou a medida, revelando que recebeu um ultimato do Departamento de Defesa - agora renomeado como Departamento de Guerra - exigindo que ele convocasse suas tropas ou elas seriam federalizadas.
'Isso é absolutamente ultrajante e não-americano exigir que um governador envie tropas contra sua vontade,' disse Pritzker em coletiva de imprensa. 'Não há necessidade de tropas militares em Illinois. Nosso estado, condado e agências locais de aplicação da lei estão coordenando a segurança pública.'
Vitória legal em Portland
Enquanto isso, a juíza federal Karin Immergut emitiu uma liminar bloqueando o planejado envio de 200 membros da Guarda Nacional para Portland. A juíza, uma nomeação de Trump, decidiu que o presidente não tinha 'base credível' para federalizar membros da Guarda Nacional do Oregon e considerou a decisão 'simplesmente não baseada nos fatos.'
A juíza Immergut determinou que os protestos em Portland eram 'pequenos e pacíficos' e não significativamente violentos ou disruptivos, contradizendo a caracterização do governo da cidade como 'assolada pela guerra.' A liminar temporária expira em 18 de outubro enquanto o desafio constitucional mais amplo continua.
Contexto histórico e precedente legal
Esta é a primeira vez em 60 anos que um presidente envia a Guarda Nacional contra as objeções de um governador. A Guarda Nacional normalmente opera sob duplo controle de governos estaduais e federais, com governadores tradicionalmente controlando o envio para emergências estaduais, enquanto presidentes podem federalizar tropas durante crises nacionais.
O envio ocorre em meio a protestos contínuos em instalações da ICE tanto em Chicago quanto em Portland. Em Portland, agentes federais recentemente dispararam gás lacrimogêneo e fizeram várias prisões durante manifestações fora da Instalação de Detenção de Imigração e Alfândega. Manifestantes expressaram preocupações com excesso federal e políticas de aplicação de imigração.
Especialistas legais alertam que este envio representa uma expansão significativa do uso militar doméstico. 'Estamos vendo uma normalização de tropas armadas nas ruas americanas que desafia os limites de longa data sobre envolvimento militar doméstico,' disse o professor de direito constitucional Michael Dorf em entrevista ao WUSF.
Padrão mais amplo de envios
As situações em Chicago e Portland seguem envios semelhantes anteriormente este ano em Los Angeles e Washington D.C. Em agosto, Trump enviou a Guarda Nacional para Washington apesar de estatísticas criminais mostrarem criminalidade em declínio. Em junho, ele enviou guardas para Los Angeles contra a vontade do governador democrata da Califórnia para suprimir protestos contra deportações de migrantes.
De acordo com a documentação da Wikipedia, estes envios representam um padrão mais amplo de direcionamento a cidades lideradas por democratas, enquanto governadores republicanos receberam presença militar semelhante. Os desafios legais continuam aumentando, com um tribunal federal já decidindo que o envio em Los Angeles viola a Lei Posse Comitatus, que limita o envolvimento militar na aplicação da lei doméstica.
Enquanto as batalhas constitucionais se desenrolam em tribunais por todo o país, a questão fundamental permanece: quanto autoridade um presidente deveria ter para enviar tropas militares dentro das fronteiras americanas contra os desejos de funcionários locais e estaduais?