EUA e Qatar alertam UE que lei de sustentabilidade ameaça segurança energética e fornecimentos de GNL, causando tensão geopolítica na Europa.
Confronto geopolítico sobre regras europeias de sustentabilidade
Em um alerta conjunto sem precedentes, os Estados Unidos e o Qatar informaram aos líderes da União Europeia que sua legislação ambiciosa de sustentabilidade ameaça a segurança energética e a resiliência econômica do continente. A mensagem dura chega em um momento em que a Europa enfrenta pressão crescente de seus principais fornecedores de energia sobre a Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa (CSDDD), que exigiria que as empresas abordassem questões de direitos humanos e ambientais em toda sua cadeia de suprimentos.
Alerta conjunto sem precedentes
O secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, e o ministro de Energia do Qatar, Saad Sherida Al-Kaabi, enviaram uma carta conjunta a todos os líderes dos Estados-membros da UE, alertando que a CSDDD "representa uma ameaça existencial ao crescimento, competitividade e resiliência da economia industrial da UE." Os ministros focaram especificamente nas disposições que se aplicariam fora da Europa, exigiriam planos de transição climática e responsabilizariam as empresas por má conduta de fornecedores.
O momento deste alerta é particularmente significativo. Desde a invasão russa da Ucrânia, a UE tornou-se dependente dos Estados Unidos e do Qatar para cerca de 20% de seu fornecimento de gás através da importação de gás natural liquefeito (GNL). Ambos os países alertaram que a regulamentação europeia ameaça diretamente seus compromissos de exportação e disposição para investir.
Agitação política no Parlamento Europeu
O alerta coincide com o caos político no Parlamento Europeu, onde legisladores rejeitaram inesperadamente uma versão enfraquecida da CSDDD. A diretiva proposta, oficialmente conhecida como Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa, foi rejeitada apesar de acordos políticos anteriores entre partidos de centro.
"O enfraquecimento desta lei veio após pressão do Qatar e dos EUA," explicou Kysia Hekster, correspondente da União Europeia. "Partidos de esquerda no Parlamento Europeu consideram a lei muito enfraquecida, enquanto partidos do lado conservador e de direita radical afirmam que a lei ainda é muito abrangente."
A rejeição surpreendente significa que as negociações com os Estados-membros da UE, que começariam amanhã, não podem prosseguir. Este atraso cria incerteza sobre quando - ou mesmo se - a legislação avançará.
Segurança energética em jogo
Tanto os Estados Unidos quanto o Qatar enfatizaram seu compromisso em expandir significativamente o fornecimento confiável de GNL para a UE. No entanto, eles alertam que este compromisso "seria seriamente prejudicado" se a CSDDD prosseguir em sua forma atual. O Qatar fornece até 14% do GNL da UE, enquanto os Estados Unidos tornaram-se o maior fornecedor de gás da Europa desde o início da guerra na Ucrânia.
A controvérsia destaca a tensão fundamental entre as ambições verdes da Europa e suas necessidades de segurança energética. Como afirmou o secretário Wright, "Isso chega em um momento crítico, já que nossos países e empresas não apenas desejam manter, mas expandir significativamente o fornecimento confiável de GNL para a UE."
Resistência interna europeia
A pressão não vem apenas de fora da Europa. A resistência interna também está crescendo. O chanceler alemão Merz e o presidente francês Macron já pediram o adiamento da diretiva, enquanto dezenas de executivos europeus pediram a retirada da legislação na semana passada.
Empresas europeias temem que a regulamentação prejudique ainda mais a competitividade das indústrias europeias em um momento em que os preços da energia permanecem altos e os investidores se deslocam para os Estados Unidos. A análise da Forbes observa que grandes empresas, incluindo a ExxonMobil, reduziram suas operações europeias devido à pressão regulatória.
O que vem a seguir para a política energética europeia?
A CSDDD foi concebida como uma bússola moral para negócios responsáveis, mas tornou-se um teste para a maturidade geopolítica da Europa. A carta conjunta de Washington e Doha expõe como as ambições verdes de Bruxelas colidem com os interesses de seus parceiros energéticos e comerciais.
Enquanto Qatar e Estados Unidos se preparam para exercer pressão durante negociações renovadas, os líderes europeus enfrentam uma escolha difícil: manter seus ideais de sustentabilidade ou garantir a segurança energética para seus cidadãos. O resultado moldará o cenário energético europeu nos próximos anos e determinará se o continente pode equilibrar seus objetivos ambientais com necessidades energéticas práticas.
A situação mostra como a legislação de sustentabilidade, uma vez vista como política puramente doméstica, tornou-se entrelaçada com mercados globais de energia e relações geopolíticas. Com o inverno se aproximando e os estoques de gás ficando mais restritos, os líderes europeus devem navegar cuidadosamente por essas águas complexas para evitar escassez de energia, mantendo seu compromisso com os padrões ambientais.
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