Autoridades palestinianas prendem Mahmoud Khader Abed Adra, de 70 anos, suposto mentor do ataque ao restaurante judeu Jo Goldenberg em Paris em 1982 com 6 mortos. França prepara pedido de extradição.

Descoberta em investigação de terrorismo de 43 anos
Num desenvolvimento significativo num dos casos de terrorismo mais antigos de França, as autoridades palestinianas prenderam Mahmoud Khader Abed Adra, de 70 anos, o suposto mentor do ataque mortal de 1982 ao restaurante judeu Jo Goldenberg em Paris. A prisão ocorre exactamente 43 anos após o ataque terrorista antissemita que matou seis pessoas e feriu outras vinte.
O ataque que chocou a França em 1982
Em 9 de agosto de 1982, seis atacantes invadiram o restaurante Jo Goldenberg no histórico bairro Le Marais em Paris, uma área que há séculos é o coração da comunidade judaica da cidade. Os atacantes abriram fogo contra os clientes do almoço e lançaram uma granada numa sala com cerca de cinquenta pessoas. O ataque representou o ataque mais mortal a judeus franceses desde a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com as autoridades judiciais francesas, Adra era o líder da célula terrorista responsável pelo massacre. O ataque foi atribuído à Organização Abu Nidal, um grupo militante palestiniano que se separou da OLP e foi designado como organização terrorista por vários países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.
Cooperação internacional leva à prisão
A prisão ocorreu na Cisjordânia, onde a polícia palestiniana deteve Adra após anos de investigação internacional. As autoridades francesas identificaram um total de seis suspeitos pelo ataque, sendo Adra considerado o principal organizador. Ele será o primeiro suspeito a ser detido neste caso.
O presidente francês Emmanuel Macron elogiou imediatamente a cooperação e disse: 'Estou satisfeito com a excelente cooperação com a Autoridade Palestiniana. Penso em todas as famílias que carregam há tanto tempo a dor da espera.'
Contexto político e processo de extradição
O momento da prisão coincide com o planeado reconhecimento oficial do Estado palestiniano pela França na segunda-feira. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, ligou directamente a prisão a este passo diplomático e chamou-lhe "o resultado do reconhecimento francês do Estado palestiniano" numa publicação nas redes sociais.
A França está a preparar um pedido oficial de extradição às autoridades palestinianas, possivelmente já na segunda-feira. O caso já causou controvérsia política em França, com a líder de extrema-direita Marine Le Pen a criticar o reconhecimento do Estado palestiniano e a afirmar que "entregaria o país a uma organização terrorista", referindo-se ao Hamas.
O ministro Barrot defendeu a posição da França e afirmou que "a França está infalivelmente comprometida com a segurança de Israel" enquanto busca simultaneamente o reconhecimento diplomático da Palestina.
O restaurante Jo Goldenberg, que se tornou um símbolo deste trágico ataque, fechou as portas em 2006, e o proprietário Jo Goldenberg faleceu em 2014. Para as famílias das vítimas, esta prisão representa um passo há muito esperado em direcção à justiça após quatro décadas de incerteza.