Crise de produção da Volkswagen ameaçada por escassez de chips da Nexperia

A Volkswagen enfrenta paralisação de produção devido à escassez de chips da Nexperia após tensões entre Holanda e China. Reunião de crise alemã em andamento enquanto proibição de exportação ameaça produção automotiva.

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Gigante automotivo alemão enfrenta paralisação de produção por crise geopolítica de chips

A Volkswagen, maior fabricante de automóveis da Europa, está se preparando para paralisar a produção de modelos importantes, incluindo o icônico Golf, agora que uma escassez de semicondutores causada por tensões geopolíticas entre Holanda e China ameaça paralisar a indústria automotiva alemã. De acordo com relatos da mídia alemã Bild e Der Spiegel, as linhas de produção na sede da Volkswagen em Wolfsburg podem parar já na próxima quarta-feira.

Reunião de crise de emergência convocada

O governo alemão agendou uma reunião de crise de emergência para esta noite com líderes da indústria automotiva, agora que a situação está se agravando. Uma fonte dentro do Ministério da Economia alemão confirmou à NOS que 'há conversas urgentes em andamento para abordar a ameaça imediata à produção automotiva em toda a Alemanha.' As conversas ocorrem enquanto a Volkswagen investiga a introdução de redução de jornada de trabalho, o que permitiria à empresa reduzir temporariamente as horas de trabalho para funcionários afetados pelas paralisações de produção.

Causa: Conflito de semicondutores entre Holanda e China

A crise tem origem em uma intervenção dramática do governo holandês há três semanas, quando as autoridades invocaram a Lei de Disponibilização de Bens para assumir o controle da Nexperia, uma fabricante de semicondutores com sede em Nijmegen. Embora estabelecida na Holanda, a Nexperia é propriedade da empresa chinesa Wingtech desde 2018. O governo holandês citou 'deficiências e ações administrativas graves' que ameaçavam a segurança econômica holandesa e europeia.

A China respondeu rapidamente proibindo a Nexperia de exportar chips produzidos em suas fábricas chinesas. Esta medida causou uma crise de fornecimento imediata, já que a Nexperia produz aproximadamente 40% do mercado mundial de componentes semicondutores básicos como diodos, transistores e MOSFETs - peças essenciais usadas em veículos modernos.

Reação industrial e consequências políticas

Fabricantes e fornecedores automotivos alemães estão tentando publicamente manter a calma, mas fontes internas revelam que o pânico é considerável. 'A escassez iminente de chips só pode ser parcialmente compensada por outros fabricantes,' explicou um analista do setor. 'Portanto, a indústria está olhando para a política por soluções - este é um problema político que requer uma solução política.'

A intervenção holandesa provocou fortes críticas na mídia alemã, com alguns analistas sugerindo que a Holanda está sendo guiada por interesses americanos no conflito comercial contínuo com a China. Um comentarista descreveu a ação holandesa como 'um passo incrivelmente estúpido' considerando que as medidas de retaliação chinesas eram previsíveis.

Tentativas diplomáticas fracassadas

O ministro interino Micky Karremans (Assuntos Econômicos), que autorizou a intervenção da Nexperia no final de setembro, realizou conversas com seu colega chinês ontem. No entanto, a conversa não conseguiu convencer a China a suspender a proibição de exportação. Em vez disso, o ministro do Comércio chinês enfatizou que 'a Holanda deve resolver este problema.'

O ministro Karremans defendeu sua decisão referindo-se a preocupações de que o diretor chinês da Nexperia pretendia transferir 'instalações de produção, recursos financeiros e direitos de propriedade intelectual' para o exterior. O ministro se recusou a especificar quais medidas concretas o diretor havia tomado para alcançar esse objetivo.

Impacto industrial mais amplo

A Associação da Indústria Automotiva Alemã alertou que a situação pode levar a 'restrições significativas de produção' em todo o setor se as interrupções no fornecimento de chips não forem resolvidas rapidamente. Embora a Volkswagen tenha confirmado que a produção permanece inalterada por enquanto, a empresa reconhece que 'efeitos de curto prazo na produção não podem ser descartados' dada a situação em rápida evolução.

As ações da Volkswagen caíram 2,2% após o anúncio, refletindo as preocupações dos investidores sobre o possível impacto na produção. A crise destaca como as tensões geopolíticas estão cada vez mais usando cadeias de suprimentos globais como arma, com componentes semicondutores básicos se tornando danos colaterais em disputas comerciais internacionais.

Enquanto a indústria automotiva enfrenta sua segunda grande crise de chips em cinco anos, os fabricantes estão descobrindo que a intervenção política pode causar interrupções na cadeia de suprimentos muito mais rapidamente do que apenas as forças de mercado.

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