Eslováquia Adota Emenda Constitucional Anti-LGBTIQ+
Em um movimento que enviou ondas de choque pela União Europeia, a Eslováquia implementou em 1º de novembro de 2025 uma controversa emenda constitucional que restringe significativamente os direitos de parceiros do mesmo sexo e estabelece a soberania nacional acima da lei da UE em questões culturais e éticas. A emenda, promovida pelo primeiro-ministro nacionalista Robert Fico, reconhece apenas dois gêneros—homem e mulher—e limita os direitos de adoção exclusivamente a casais casados, efetivamente excluindo parceiros do mesmo sexo, já que eles não podem se casar na Eslováquia.
"Este não é o caminho para um país mais justo e humano," declarou o ombudsman eslovaco Róbert Dobrovodský, que alertou que a emenda mina a segurança jurídica para minorias e pode entrar em conflito com tratados da UE.
Direitos LGBTIQ+ Desiguais na UE
O desenvolvimento na Eslováquia destaca as diferenças gritantes nos direitos LGBTIQ+ dentro da união de 27 membros. Embora a aceitação social tenha geralmente aumentado, o quadro jurídico permanece fragmentado. Atualmente, apenas 15 países da UE legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo, enquanto outros oferecem diferentes graus de parceria registrada ou mantêm proibições completas.
Na vizinha Polônia, o governo do primeiro-ministro Donald Tusk recentemente propôs uma "lei de parceiros" para legalizar parcerias registradas, embora pare antes da adoção por parceiros do mesmo sexo. "Isso representa um passo à frente para os direitos LGBTIQ+ em nossa sociedade tradicionalmente católica," disse um porta-voz do governo a repórteres.
A Hungria, sob o primeiro-ministro Viktor Orbán, também foi criticada por reverter direitos LGBTIQ+ sob o pretexto de "proteção infantil", incluindo mudanças legais recentes destinadas a restringir marchas do Orgulho.
Resposta e Estratégia da UE
A Comissão Europeia reconheceu as crescentes ameaças às comunidades LGBTIQ+ dentro da união. Em outubro de 2025, a Comissão adotou sua Estratégia de Igualdade LGBTIQ+ para 2026-2030, visando combater o ódio e promover a diversidade.
A comissária da UE para a Igualdade, Hadja Lahbib, enfatizou a urgência: "O progresso nunca pode ser considerado garantido. Em toda a Europa e além, as pessoas LGBTIQ+ enfrentam ódio e medo crescentes. Quando as pessoas se sentem inseguras, elas se voltam para a UE. Devemos ser seu farol de esperança."
A estratégia inclui medidas para combater o discurso de ódio online e abordar práticas nocivas como a terapia de conversão, embora Lahbib tenha observado que uma proibição total da UE das práticas de conversão permanece desafiadora devido às competências dos estados membros.
Preocupações Internacionais e Implicações Jurídicas
A Comissão de Veneza do Conselho da Europa, um órgão consultivo para assuntos constitucionais, supostamente criticou a emenda eslovaca antes da aprovação. Organizações de direitos humanos condenaram o movimento, com o diretor da Anistia Internacional Eslováquia, Rado Sloboda, chamando de "notícia devastadora" e "mais um dia sombrio para a Eslováquia".
A afirmação da emenda de que a lei nacional tem precedência sobre a lei da UE em questões culturais e éticas levanta questões fundamentais sobre a primazia do direito da UE, uma pedra angular da integração europeia desde a década de 1960.
Enquanto a UE luta com esses desafios, o caso eslovaco serve como um lembrete gritante de que a luta pela igualdade LGBTIQ+ permanece uma batalha contínua no continente, testando os próprios fundamentos do compromisso do projeto europeu com direitos e liberdades fundamentais.