Resolução revisada da ONU visa presença de segurança internacional
Os Estados Unidos distribuíram uma minuta de resolução revisada no Conselho de Segurança da ONU pedindo a criação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) para Gaza. A proposta, que Washington pretende colocar em votação na sexta-feira ou no início da próxima semana, representa um esforço diplomático significativo para criar uma presença de segurança multinacional na área devastada pela guerra.
Mudanças importantes nas disposições humanitárias
A revisão mais notável no texto americano diz respeito às disposições de ajuda humanitária. Linguagem anterior que excluiria organizações 'acusadas de desvio de ajuda' da cooperação futura foi completamente removida. Esta mudança preserva efetivamente o papel da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, apesar da pressão israelense contínua contra a organização.
'O Hamas acolhe a mudança e pede a admissão imediata da UNRWA para operar livremente em Gaza,' disse um porta-voz do grupo militante. O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, enfatizou em The Guardian que 'a reconstrução de Gaza depende da capacidade de nossa organização operar livre e independentemente.'
Desafios na participação regional
Enquanto Washington busca ativamente apoio regional tanto para financiamento quanto para contribuições de tropas, vários países importantes expressaram reservas. Os Emirados Árabes Unidos excluíram explicitamente a participação, com o conselheiro diplomático Anwar Gargash afirmando 'não vemos atualmente uma estrutura clara para a força de estabilização pretendida e não participaremos nas circunstâncias atuais.'
Os EUA abordaram Indonésia, Egito, Qatar, Turquia e Azerbaijão sobre possível envolvimento, embora Israel tenha anteriormente excluído a participação turca e o Azerbaijão tenha recusado enviar tropas de paz enquanto os combates continuam.
Disputas sobre mandato e estrutura legal
Um ponto de discórdia importante permanece sendo a base legal para a missão. Os Estados Unidos querem um mandato da ISF sob o Artigo 7 da Carta da ONU, que permite intervenção militar. No entanto, países árabes e europeus temem que esta abordagem seja muito pesada e possa minar o apoio político regional.
De acordo com fontes diplomáticas, esses países estão incentivando os EUA a estruturar o plano da forma mais multinacional possível e envolver a Autoridade Palestina de perto na futura governança de Gaza. A ISF teria a tarefa de monitorar o cessar-fogo, treinar unidades policiais palestinas, proteger passagens de fronteira e ajudar no desmantelamento de grupos armados.
Papel controverso de Tony Blair
A minuta de resolução faz referência ao 'Plano Abrangente para Encerrar o Conflito de Gaza' e a um 'Conselho de Paz' que coordenaria a governança temporária e o financiamento da reconstrução. O possível envolvimento do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair como enviado especial americano permanece não confirmado, mas já causou controvérsia no mundo árabe.
Conforme relatado pelo The Times of Israel, a proposta de Blair pede a criação de uma Autoridade Internacional de Transição de Gaza para governar até que a área possa ser transferida para uma Autoridade Palestina reformada.
Preocupações sobre acesso humanitário
Apesar do progresso diplomático, o acesso humanitário a Gaza permanece inadequado, segundo fontes ocidentais. O plano atual não aborda suficientemente a necessidade urgente de assistência abrangente, com quase um milhão de pessoas recebendo assistência alimentar desde meados de outubro através de 46 pontos de distribuição, conforme relatado pela UN News.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que qualquer transição em Gaza deve preservar a unidade com a Cisjordânia e levar a uma solução de dois estados, destacando que 'qualquer potencial força internacional de estabilização deve ter a aprovação e legitimidade do Conselho de Segurança.'
Fase crítica nos esforços diplomáticos
A próxima resolução da ONU é essencial para a transição para a segunda fase do plano de 20 pontos do presidente Trump. No entanto, espera-se que Israel permaneça relutante enquanto nem todos os restos mortais de reféns forem entregues, e persistem preocupações de que alguns corpos possam nunca ser encontrados.
Países regionais continuam insistindo que Gaza e a Cisjordânia devem ser tratadas como uma única entidade em qualquer acordo político futuro, adicionando outra camada de complexidade ao já desafiador cenário diplomático.