Austrália e Papua-Nova Guiné assinam histórico pacto de defesa

Austrália e Papua-Nova Guiné assinam histórico Tratado de Defesa Pukpuk com obrigações de defesa mútua, acesso a bases militares e possibilidade para 10.000 cidadãos de PNG servirem no exército australiano.

Pacto de defesa histórico entre Austrália e Papua-Nova Guiné

Em um movimento histórico que redefine a dinâmica de segurança no Pacífico, Austrália e Papua-Nova Guiné assinaram o Tratado de Defesa Pukpuk, a primeira nova aliança militar da Austrália em mais de 70 anos. O acordo, assinado pelos primeiros-ministros Anthony Albanese e James Marape em 6 de outubro de 2025, estabelece obrigações de defesa mútua semelhantes ao Artigo 5 da OTAN, com ambos os países prometendo 'enfrentar conjuntamente o perigo' se um deles for atacado na região do Pacífico.

Implicações estratégicas no Pacífico

O tratado surge em um momento de crescente preocupação com a expansão da influência chinesa no Pacífico Sul, especialmente após o acordo de segurança de Pequim com as Ilhas Salomão em 2022, que permitiu possível implantação militar chinesa a apenas 1.200 milhas náuticas da Austrália. 'Este acordo representa uma mudança fundamental em como abordamos a segurança regional,' disse a analista de defesa Dra. Sarah Chen do Australian Strategic Policy Institute. 'É o acordo de defesa mais importante da Austrália desde o Tratado ANZUS em 1951.'

O Tratado Pukpuk dá às forças armadas australianas acesso a bases em Papua-Nova Guiné e cria oportunidades para até 10.000 papuásios servirem no aparato de defesa australiano. Em troca, a Austrália investe mais de 110 milhões de euros no treinamento de milhares de novos policiais em Papua-Nova Guiné e contribui para a modernização das forças militares do país.

Contexto histórico e equilíbrio regional

Papua-Nova Guiné, que se tornou independente da Austrália em 1975, continua sendo o vizinho mais próximo da Austrália, com apenas 3,75 quilômetros de distância entre os dois países na Ilha Saibai no Estreito de Torres. O relacionamento evoluiu significativamente de laços coloniais para parceria estratégica. 'Este tratado mostra o quanto nosso relacionamento avançou,' disse o primeiro-ministro Marape durante a cerimônia de assinatura. 'É baseado na geografia, história e a realidade duradoura de nossa vizinhança compartilhada.'

O acordo representa um ato de equilíbrio delicado para Papua-Nova Guiné, que mantém importantes laços econômicos com a China enquanto fortalece a cooperação de defesa com a Austrália. Como observou Meike Wijers, correspondente para Austrália, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico: 'A China está expandindo sua influência na região, como demonstrado pelos acordos com as Ilhas Salomão em 2022. Isso foi basicamente o alerta para a Austrália.'

Contexto geopolítico mais amplo

A assinatura do tratado ocorre no contexto de crescente competição entre grandes potências no Pacífico. Os Estados Unidos estão fortalecendo seus próprios laços militares com Papua-Nova Guiné, enquanto a China continua buscando acordos de segurança com outros estados insulares do Pacífico, incluindo Fiji, Vanuatu, Samoa, Tonga e Kiribati. A Austrália está atualmente negociando um pacto de defesa bilateral com Fiji, refletindo o realinhamento estratégico mais amplo na região.

De acordo com análise da Universidade Georgetown, o Pacífico tornou-se um campo de batalha importante para a competição geopolítica, com os EUA mantendo a maior presença militar através de bases em Guam, Havaí e Austrália. O Tratado Pukpuk representa a resposta mais direta da Austrália às ambições regionais da China desde o acordo de segurança com as Ilhas Salomão.

O tratado agora precisa ser ratificado pelos parlamentos de ambos os países, embora possa enfrentar oposição no parlamento de Papua-Nova Guiné, onde alguns críticos argumentam que não aborda adequadamente os desafios de segurança interna do país. No entanto, o acordo marca um marco importante nas relações entre Austrália e Papua-Nova Guiné e anuncia um novo capítulo na arquitetura de segurança do Pacífico.

Henry Coetzee

Henry Coetzee é um autor sul-africano especializado em política e história africana. Suas obras perspicazes exploram as complexas paisagens sociopolíticas e narrativas históricas do continente.

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