Carro com símbolos judaicos incendiado em Melbourne

Um carro com símbolos judaicos foi incendiado no Natal em Melbourne, um novo ataque antissemita após o tiroteio mortal em Bondi Beach. As autoridades australianas investigam o incidente.

Ataque no Natal mira símbolos judaicos em Melbourne

Um carro com símbolos judaicos proeminentes e uma mensagem de 'Feliz Chanucá' foi incendiado nas primeiras horas do Natal em St Kilda East, um subúrbio de Melbourne com uma comunidade judaica significativa. O veículo, pertencente a uma família de rabinos, foi incendiado por volta das 02h50 enquanto estava estacionado em uma garagem, forçando residentes próximos a evacuarem suas casas temporariamente.

A Polícia de Victoria está investigando o incidente como um ataque antissemita suspeito e identificou uma pessoa de interesse. 'Sabemos que o mal está presente. Vimos isso no ataque terrorista do pai e filho em Bondi Beach,' disse o primeiro-ministro Anthony Albanese durante um evento de Natal em Sydney, referindo-se ao ataque de 14 de dezembro que matou 15 pessoas em uma celebração de Chanucá.

Medo na comunidade e reação política

O ataque ocorre em um momento de tensão elevada para a comunidade judaica da Austrália, que conta com aproximadamente 115.000-120.000 pessoas. De acordo com o relatório anual do Executive Council of Australian Jewry, a Austrália registrou 1.654 incidentes antijudaicos nos 12 meses até outubro de 2025, o segundo maior número já registrado.

A primeira-ministra de Victoria, Jacinta Allan, declarou que a comunidade judaica 'com razão teme que este seja um incidente antissemita.' Ela confirmou que a presença policial adicional na área foi implementada desde o início do mês após o ataque em Bondi Beach.

St Kilda East, onde o ataque ocorreu, abriga uma proeminente comunidade judaica hassídica originária de imigrantes poloneses e russos. De acordo com dados da Wikipedia, 26,4% da população do subúrbio se identifica como judaica, tornando-o um dos principais bairros judeus de Melbourne.

Medidas governamentais contra o antissemitismo crescente

Em resposta à escalada da violência, o primeiro-ministro Albanese anunciou reformas abrangentes nas leis de discurso de ódio da Austrália. O governo planeja introduzir novas leis federais, incluindo 'discurso de ódio agravado' direcionado a pregadores que promovem violência e 'ofensa grave' baseada em raça ou racismo.

'Mais poderia ter sido feito, e aceito minha responsabilidade,' reconheceu Albanese em um discurso recente, de acordo com a reportagem do Jewish Telegraphic Agency. As reformas visam alterar o limiar para o que constitui discurso de ódio ilegal e incluem penalidades aumentadas para discurso de ódio que promove violência.

O governo também planeja estabelecer uma força-tarefa educacional liderada por David Gonski para abordar o antissemitismo nas escolas e criar novos poderes para revistar vistos de pessoas que espalham ódio.

Impacto na comunidade e medidas de segurança

O rabino Effy Block, cujo amigo era o dono do carro atacado, descreveu o incidente como traumatizante para a comunidade. 'A comunidade judaica não se sente mais segura,' disse ele a repórteres, enfatizando que este ataque segue o tiroteio devastador em Bondi Beach apenas 11 dias antes.

O grupo de proteção judaica CSG Victoria aumentou as patrulhas em resposta às tensões elevadas. Líderes comunitários criticaram o que veem como uma resposta governamental inadequada ao antissemitismo crescente, apesar de medidas recentes como a adoção da definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e o estabelecimento de uma força-tarefa federal.

De acordo com a análise do American Jewish Committee, o antissemitismo na Austrália aumentou 316% desde outubro de 2023, com mais de 2.000 incidentes registrados em um ano. Os atacantes de Bondi Beach foram motivados pela ideologia do Estado Islâmico, ilustrando como a retórica radical global alimenta a violência contra comunidades judaicas em todo o mundo.

O veículo incendiado sofreu danos graves no ataque, embora não tenha havido feridos. A polícia continua sua investigação e busca o autor do crime enquanto a comunidade judaica australiana luta com o que muitos descrevem como um nível sem precedentes de ameaça e hostilidade.

Sara Johansson

Sara Johansson é uma premiada jornalista sueca conhecida por suas narrativas imersivas e aprofundadas sobre mudanças climáticas e patrimônio cultural. Ela ensina jornalismo narrativo na Universidade de Lund.

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