Austrália realiza Dia Nacional de Reflexão após ataque em Bondi Beach

A Austrália realiza um Dia Nacional de Reflexão pelas vítimas do ataque terrorista em Bondi Beach. O primeiro-ministro anuncia uma investigação sobre as agências de inteligência e grandes mudanças na legislação de armas, incluindo um programa massivo de recompra.

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Dia Nacional de Reflexão pelas Vítimas do Ataque em Bondi Beach

A Austrália realiza hoje um solene Dia Nacional de Reflexão, exatamente uma semana após o devastador ataque terrorista em Bondi Beach, que matou 15 pessoas durante uma celebração de Chanucá. O primeiro-ministro Anthony Albanese liderou as homenagens no local do ataque, onde um mar de flores transformou a outrora alegre orla em um memorial. Às 18:47 (hora local), o momento exato em que os primeiros tiros foram disparados em 14 de dezembro, australianos em todo o país acenderam velas e observaram um minuto de silêncio, enquanto bandeiras foram hasteadas a meio-mastro em edifícios governamentais.

Investigação sobre Agências de Inteligência Anunciada

O primeiro-ministro Albanese anunciou uma investigação abrangente sobre as agências de inteligência australianas, reconhecendo o que chamou de 'o cenário de segurança em rápida mudança na Austrália'. A investigação, que deve ser concluída até abril de 2026, examinará se a polícia e as agências de inteligência têm 'os poderes adequados' e acordos de cooperação suficientes para manter o país seguro. 'Nossos serviços de segurança devem estar o mais bem preparados possível para tais eventos', disse Albanese durante a cerimônia memorial.

A investigação segue revelações de que Naveed Akram, de 24 anos, um dos atacantes, havia sido investigado pela agência de segurança australiana ASIO em 2019 por possível radicalização, mas não foi considerado uma ameaça na época. Seu pai, Sajid Akram, de 50 anos, possuía legalmente uma licença de porte de arma que permitia a posse de seis armas. Ambos haviam retornado recentemente de uma viagem de quatro semanas ao sul das Filipinas, onde investigadores examinam possíveis conexões com grupos militantes islâmicos.

Legislação sobre Armas e Programa Nacional de Recompra

Em resposta ao ataque, o governo australiano anunciou mudanças drásticas na legislação de armas, incluindo o maior programa de recompra de armas desde o massacre de Port Arthur em 1996. A iniciativa, com custos divididos 50-50 entre os governos federal e estaduais, visa retirar de circulação 'armas de fogo excedentes, recém-proibidas e ilegais'. Com mais de 4 milhões de armas de fogo atualmente na Austrália - mais do que na época de Port Arthur - o programa representa uma mudança significativa na política nacional de segurança.

'Esta será a maior recompra de armas da Austrália desde 1996', confirmou o primeiro-ministro Albanese, referindo-se às reformas após o massacre de Port Arthur que levaram a uma queda de 60% nas mortes por armas de fogo. As novas medidas incluem restrições ao número de armas que os indivíduos podem possuir, a exigência de cidadania australiana para licenças de armas e a implementação acelerada de um registro nacional de armas.

Detalhes do Ataque e Reação da Comunidade

O ataque em 14 de dezembro ocorreu durante a primeira noite de Chanucá no Archer Park, Bondi Beach, onde cerca de 1.000 pessoas se reuniram para a celebração 'Chanucá à Beira-Mar'. Os atacantes - pai e filho Sajid e Naveed Akram - usaram um rifle Beretta BRX1 e dois rifles de caça Stoeger M3000 M3K para atirar na multidão a partir de uma ponte. A polícia matou Sajid Akram durante um tiroteio, enquanto seu filho ficou ferido e permanece sob custódia policial no hospital.

Investigadores encontraram duas bandeiras caseiras do Estado Islâmico e explosivos no veículo dos atacantes. O incidente se tornou o ataque terrorista mais letal e o segundo tiroteio mais mortal da história moderna da Austrália. Entre as vítimas estavam Matilda, de 10 anos, e o rabino Eli Schlanger, chefe da missão Chabad em Bondi.

A comunidade judaica expressou frustração com a resposta do governo ao aumento do antissemitismo. 'Vimos isso aumentar nos últimos anos e sentimos que o governo fez muito pouco', disse um líder comunitário que desejou permanecer anônimo. O ataque gerou novos apelos por uma legislação mais forte contra discurso de ódio, com Albanese prometendo novas leis para facilitar a perseguição de incitadores ao ódio.

Heroísmo em Meio à Tragédia

Em meio ao horror, histórias de heroísmo surgiram. Ahmed al-Ahmed, um comerciante muçulmano de frutas, foi elogiado como herói por dominar e desarmar um dos atiradores durante o ataque. Suas ações provavelmente evitaram vítimas adicionais. 'Naquele momento, não pensei em religião ou origem - só vi pessoas em perigo', contou al-Ahmed a repórteres de sua cama de hospital, onde se recupera de ferimentos sofridos durante o confronto.

Enquanto a Austrália continua de luto, o Dia Nacional de Reflexão serve tanto como tributo às vítimas quanto como um lembrete severo dos desafios de segurança que o país enfrenta. Com a investigação sobre as agências de inteligência em andamento e as reformas de armas em implementação, o país enfrenta questões difíceis sobre como equilibrar segurança, liberdade e coesão comunitária em um cenário global cada vez mais complexo.

Para mais informações sobre a investigação do ataque, visite a cobertura da RFI. Detalhes sobre o programa de recompra de armas podem ser encontrados na ABC News.

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