Lufthansa anuncia grande redução de pessoal
O gigante aéreo alemão Lufthansa Group revelou planos de eliminar 4.000 funções administrativas até 2030 como parte de uma estratégia abrangente de reestruturação focada na digitalização e automação. A redução de empregos, anunciada em setembro de 2025, representa a maior redução de pessoal no maior grupo aéreo da Europa desde a pandemia e afetará principalmente funções de back-office na Alemanha.
Transformação digital impulsiona cortes de empregos
O esforço de reestruturação, chamado internamente de "Matrix Next Level", visa abordar as preocupações dos investidores sobre controle de custos e rentabilidade defasada. A Lufthansa pretende alcançar essas reduções de pessoal por meio de digitalização, automação e consolidação de processos, com inteligência artificial desempenhando um papel central na transformação das funções administrativas.
"Precisamos digitalizar, automatizar e consolidar nosso trabalho administrativo para permanecermos competitivos em um mercado de aviação cada vez mais desafiador," disse um porta-voz da Lufthansa. A empresa enfatizou que o pessoal operacional, incluindo pilotos, comissários de bordo, mecânicos e equipe terrestre, não será afetado por esses cortes.
Pressão financeira aumenta
O anúncio chega em um momento em que a Lufthansa enfrenta desafios financeiros significativos. A empresa relatou uma queda de 18% no lucro líquido em 2024 para 1,38 bilhão de euros, apesar de um ligeiro aumento na receita para 37,6 bilhões de euros. O declínio do lucro foi atribuído a múltiplos fatores, incluindo greves, custos mais altos na Alemanha e atrasos nas entregas de aeronaves.
O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, está sob pressão para melhorar a rentabilidade depois que a empresa não atingiu suas metas de médio prazo em 2021 e teve que reduzir suas perspectivas duas vezes em 2024. A companhia aérea estabeleceu novas metas financeiras, incluindo alcançar mais de €2,5 bilhões em fluxo de caixa livre de 2028-2030 e um retorno ajustado sobre o capital investido de 15-20%.
Integração de IA acelera
A estratégia de transformação digital da Lufthansa inclui investimentos significativos em inteligência artificial. A empresa colaborou com a Google Cloud para desenvolver sua Operations Decision Support Suite (OPSD), que integra dados de múltiplos domínios para fornecer recomendações em tempo real para operações de voo. O sistema alcançou uma impressionante taxa de adoção de 90% pelos controladores de operações.
Além disso, a Lufthansa anunciou recentemente uma parceria estratégica com a Infosys para estabelecer um Centro de Capacitação Global em Bengaluru, Índia, focado no desenvolvimento de soluções de aviação alimentadas por IA. "Esta colaboração nos ajudará a otimizar operações digitais e melhorar os serviços aos passageiros por meio de aplicações avançadas de IA," explicou um executivo de tecnologia da Lufthansa.
Reação sindical e relações trabalhistas
A redução planejada de empregos já recebeu críticas dos sindicatos. O sindicato Verdi declarou que não aceitará "cortes drásticos" e planeja usar as próximas negociações coletivas para combater tais medidas. Isso ocorre em meio a conflitos trabalhistas contínuos sobre pensões e condições de trabalho que já levaram a várias greves em 2024 e 2025.
"Entendemos a necessidade de eficiência, mas não podemos aceitar perdas de empregos nesta escala sem consulta adequada e consideração por nossos membros," disse um representante do sindicato Verdi. O sindicato prometeu proteger os interesses dos trabalhadores durante o processo de reestruturação.
Contexto da indústria e perspectivas futuras
A reestruturação da Lufthansa reflete tendências mais amplas na indústria da aviação, onde as companhias aéreas estão cada vez mais usando tecnologia para melhorar a eficiência e reduzir custos. A empresa, que opera múltiplas companhias aéreas, incluindo Swiss, Austrian e Brussels Airlines, transportou 131 milhões de passageiros em 2024, mas perdeu terreno para os rivais europeus IAG e Air France-KLM em termos de rentabilidade.
Apesar da redução de empregos, a Lufthansa continua sua modernização da frota com planos de introduzir mais de 230 novas aeronaves até 2030, incluindo 100 aviões de longo alcance. A empresa também concluiu recentemente um acordo para adquirir uma participação minoritária na italiana ITA Airways, com planos de aumentar gradualmente sua participação para 100% ao longo de 18 meses.
O anúncio da reestruturação foi bem recebido pelos investidores, com as ações da Lufthansa subindo 3,4% no início das negociações após a notícia. No entanto, a empresa ainda enfrenta desafios, incluindo possíveis greves de pilotos, atrasos nas entregas de aeronaves e problemas de certificação com sua nova cabine premium Allegris em aeronaves Boeing 787-9.