
Conferência Internacional sobre Ética em Edição Genética encerra em Oslo
Cientistas e especialistas em ética de 40 países reuniram-se esta semana em Oslo para a Conferência Internacional sobre Ética em Edição Genética, onde discutiram diretrizes regulatórias para intervenções no genoma humano. O evento, organizado pelo Instituto de Pesquisa para a Paz de Oslo (PRIO), focou na criação de normas globais para tecnologias como CRISPR e outras técnicas de edição genética.
Principais Propostas Regulatórias
Os participantes propuseram um sistema de aprovação escalonado que diferencia aplicações terapêuticas (como o tratamento da anemia falciforme) de intervenções de aprimoramento genético. O Dr. David Liu, da Universidade de Harvard, apresentou novas técnicas de edição de bases com 95% de eficácia em ensaios clínicos: "Estamos entrando em uma era onde doenças genéticas podem ser tratadas, mas devemos agir com rigor ético".
Preocupações com Equidade
Um dos focos principais foi a desigualdade global no acesso à terapia genética. A Dra. Jantina De Vries, da Universidade da Cidade do Cabo, destacou que menos de 5% dos ensaios de terapia genética incluem populações africanas, apesar da alta prevalência de doenças genéticas na região. A conferência elaborou recomendações para a transferência de tecnologia para países em desenvolvimento.
Edição Somática vs. Linha Germinativa
Os especialistas traçaram limites claros entre edição somática (não hereditária) e edição da linha germinativa (hereditária). Embora terapias somáticas para condições como distrofia muscular tenham amplo apoio, a modificação da linha germinativa permanece proibida pelo acordo proposto em Oslo, com signatários comprometendo-se a criminalizar experimentos não autorizados.
Protocolos de Segurança
Novas medidas de biossegurança foram reveladas, incluindo marcações genéticas obrigatórias para sequências editadas e registros globais em tempo real. A Dra. Filippa Lentzos, do King's College London, alertou: "A edição não regulamentada pode permitir o desenvolvimento de armas biológicas dentro de uma década".
Perspectivas dos Pacientes
Victoria Gray, sobrevivente de anemia falciforme, compartilhou sua experiência com terapia genética: "Esse tratamento me devolveu a vida. Mas precisamos de salvaguardas éticas para evitar exploração". Grupos de representação de pacientes conseguiram compromissos para ter 30% de representação em órgãos reguladores.
A declaração final propõe a criação de um Comitê Internacional de Supervisão Ética em Edição Genética, com implementação total prevista para 2027.