O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, fugiu para França após protestos massivos sobre corrupção e crise econômica, com motim militar e pelo menos 22 mortes.

Crise política força presidente Rajoelina a fugir para França
O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, fugiu para França após semanas de protestos massivos que abalaram a nação insular africana. Vários funcionários do governo, incluindo o líder da oposição Randrianasoloniaiko, confirmaram que Rajoelina foi evacuado por um avião militar francês após um acordo com o presidente francês Emmanuel Macron.
Os protestos, que começaram no final de setembro de 2025, representam as maiores manifestações que Madagascar testemunhou em décadas. O que começou como frustração com a escassez crônica de água e energia elétrica evoluiu para um movimento mais amplo exigindo a renúncia de Rajoelina e combatendo a corrupção sistêmica.
Motim militar e colapso do governo
A situação escalou dramaticamente quando elementos das forças armadas de Madagascar se juntaram aos manifestantes. Em 11 de outubro de 2025, unidades militares, incluindo a unidade de elite Capsat, amotinaram-se e pediram a outros soldados que ignorassem ordens presidenciais. 'Isso não é mais apenas sobre serviços públicos - é sobre acabar com um sistema corrupto que falhou com nosso povo,' disse um oficial militar que se juntou aos protestos.
Rajoelina havia afirmado anteriormente que havia uma tentativa de golpe em andamento, embora não tenha apresentado evidências. Seu governo já havia sido dissolvido em 29 de setembro após protestos mortais que, segundo números da ONU, deixaram pelo menos 22 mortos, embora o governo tenha reconhecido apenas 12 mortes.
Crise econômica profunda
Os protestos refletem problemas econômicos mais profundos em um dos países mais pobres do mundo. De acordo com dados do Banco Mundial, 75% dos 30 milhões de habitantes de Madagascar vivem abaixo da linha da pobreza, enquanto quase metade das crianças menores de cinco anos sofre de desnutrição. As Nações Unidas relatam que 78% da população vive na pobreza.
'Não podemos aceitar que nossas crianças passem fome enquanto a família do presidente exibe sua riqueza,' disse um manifestante em Antananarivo, referindo-se a posts virais nas redes sociais mostrando a filha de Rajoelina com roupas de grife e seu filho em escolas de elite na Europa.
Contexto internacional e tendências regionais
Os protestos em Madagascar fazem parte de uma onda mais ampla de movimentos liderados por jovens na África e Ásia. Protestos semelhantes ocorreram no Quênia, Nepal e Marrocos, onde ativistas da Geração Z desafiam governos corruptos e desigualdade econômica.
Rajoelina, que tem dupla cidadania malgaxe e francesa, domina a política de Madagascar desde que chegou ao poder após uma crise política em 2009. Sua reeleição recente em 2023 foi boicotada pelos principais partidos de oposição, levantando questões sobre sua legitimidade.
O governo francês não respondeu oficialmente à chegada de Rajoelina, mas fontes indicam que esforços diplomáticos estão em andamento para estabilizar a situação. Enquanto isso, Madagascar enfrenta um futuro político incerto enquanto líderes da oposição pedem acordos de transição e novas eleições.