Exército de Myanmar bombardeia festival budista com paragliders, 32 civis mortos incluindo crianças durante vigília pacífica. Ataque marca escalada na guerra civil.

Ataque Mortal em Festival Pacífico
Em uma escalada horrível de violência em Myanmar, o exército realizou um ataque aéreo mortal contra um festival budista na região de Sagaing, matando pelo menos 32 pessoas e ferindo mais de 50. O ataque visou uma vigília pacífica à luz de velas durante o Festival Thadingyut, também conhecido como Festival das Luzes, que marca o fim do período budista de jejum.
Bombardeios com Paragliders
O exército usou paragliders motorizados para lançar bombas na reunião no município de Chaung-U. Testemunhas relataram múltiplos ataques que começaram por volta das 20h, horário local. 'Até onde eu sei, 32 pessoas morreram, incluindo cinco membros do movimento não violento e combatentes da resistência que protegiam a área. O resto são civis,' disse um residente local ao The Irrawaddy.
As explosões foram tão poderosas que os corpos das vítimas foram difíceis de identificar posteriormente. Uma mulher que ajudou a organizar o evento descreveu como crianças foram 'completamente despedaçadas' nas explosões, destacando a brutalidade do ataque ao que deveria ter sido uma celebração religiosa pacífica.
Contexto Político e Resistência
A vigília foi organizada como um protesto pacífico contra a junta militar e as próximas eleições nacionais planejadas pelo regime. Os participantes também pediram a libertação de presos políticos, incluindo a ex-líder democrática Aung San Suu Kyi, que foi deposta durante o golpe militar de 2021.
A região de Sagaing tem sido um importante campo de batalha desde o golpe, com grandes áreas controladas por milícias voluntárias conhecidas como People's Defence Force (PDF). Um membro da PDF disse à BBC que receberam avisos sobre possíveis ataques aéreos e tentaram encerrar a reunião, mas os paragliders chegaram mais cedo do que o esperado.
Condenação Internacional
A Anistia Internacional condenou o ataque como parte de uma 'tendência preocupante' de violência contra civis. A organização observou que o exército está usando cada vez mais paramotores devido a sanções internacionais que limitam o acesso a aeronaves militares convencionais. 'O bombardeio de alvos civis é uma tática conhecida do exército,' disse o correspondente do Sudeste Asiático Mustafa Marghadi. 'O objetivo é dissuadir civis de cooperar com grupos de resistência, e neste caso havia a esperança de atingir membros de grupos de resistência, independentemente da presença de civis inocentes.'
O ataque representa uma escalada significativa na guerra civil em curso que, desde o golpe de 2021, segundo estimativas da ONU, já ceifou mais de 75.000 vidas e deslocou 3 milhões de pessoas.