UE pretende reduzir dependência da China em metais de terras raras após conflito comercial. 47 projetos estratégicos em 13 países-membros visam garantir cadeias de abastecimento para transição verde.
UE Confronta Crise Crítica de Matérias-Primas
A União Europeia está numa corrida contra o tempo para reduzir sua dependência da China em relação aos metais de terras raras, enquanto as tensões comerciais se intensificam. A crise eclodiu em outubro de 2025, quando a China anunciou novos controles de exportação sobre metais de terras raras após a decisão holandesa de colocar a empresa chinesa de chips Nexperia sob supervisão. 'A UE está totalmente focada nas suas próprias relações comerciais bilaterais com a China, incluindo metais de terras raras,' declarou um porta-voz da Comissão Europeia durante discussões técnicas de alto nível em Bruxelas.
Por Que a Dependência Europeia Importa
A vulnerabilidade da Europa às restrições chinesas sobre metais de terras raras é impressionante. De acordo com a análise do Banco Central Europeu, a China domina a produção global de metais de terras raras com 95% de quota de mercado e fornece 70% das importações diretas da zona euro. Mesmo ao comprar de outros países, a Europa permanece indiretamente exposta porque fornecedores como os EUA importam 80% dos seus metais de terras raras da China.
Dominika Remžová da Association for International Affairs explica: 'O maior risco está na fase de processamento ou refinação. Embora a Europa tenha suas próprias reservas, falta a capacidade de refinação que a China construiu sistematicamente ao longo de décadas.' Estes minerais são essenciais para veículos elétricos, turbinas eólicas, smartphones e tecnologias de defesa.
Resposta Estratégica de Von der Leyen
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu medidas urgentes para reduzir rapidamente a dependência europeia. 'As matérias-primas críticas são a força vital da nossa indústria. Com o RESourceEU, garantimos o nosso acesso a elas,' anunciou ela nas redes sociais. A estratégia da UE inclui estimular a produção doméstica, compras conjuntas, formação de reservas, reciclagem e expansão de parcerias internacionais.
Volker Treier, chefe de comércio exterior da Câmara de Comércio Alemã, enfatizou: 'A UE precisa falar diretamente com os chineses. Depender dos EUA não é uma estratégia sustentável para a Alemanha e a Europa.'
Projetos Estratégicos na Europa
A Comissão Europeia selecionou 47 projetos estratégicos em 13 Estados-membros da UE para garantir e diversificar o acesso a matérias-primas. Estes projetos abrangem Bélgica, França, Itália, Alemanha, Espanha, Estónia, República Checa, Grécia, Suécia, Finlândia, Portugal, Polónia e Roménia.
A Espanha destaca-se como uma das áreas mais ricas em matérias-primas críticas, com quase um terço do fornecimento global de estrôncio metálico. Portugal posicionou-se como parceiro estratégico na transição energética, embora permaneça fortemente dependente das importações chinesas. Na República Checa, a mina de lítio de Cinovec - a maior reserva na Europa - representa uma oportunidade importante apesar dos problemas ambientais.
O Caminho a Seguir
A Lei de Matérias-Primas Críticas da UE visa metas ambiciosas para 2030: 10% de extração doméstica, 40% de processamento e 25% de necessidades de reciclagem para cada metal estratégico. A Comissão está a estabelecer uma plataforma comum para compra e armazenamento de matérias-primas críticas através do programa REsourceEU, com detalhes esperados para novembro de 2025.
Zuzana Krulichová da Universidade Charles adverte: 'A maioria destas dependências ameaça a indústria europeia, especialmente nos setores automóvel, energético, de energias renováveis, químico e farmacêutico.' Como a procura está a crescer mais rapidamente do que a Europa consegue reduzir sua dependência, a corrida para garantir fontes alternativas torna-se cada vez mais urgente.
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