Xi, Modi e Putin se encontram na cúpula da SCO, sinalizando mudança na dominância dos EUA após tensões comerciais e realinhamentos estratégicos.

Líderes Eurasiáticos se Reúnem em Tianjin para Cúpula da SCO
A cidade portuária chinesa de Tianjin sediou hoje um importante encontro de líderes eurasianos durante a cúpula de segurança da Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Embora líderes de toda a região estivessem presentes, a maior atenção foi direcionada à dinâmica trilateral entre o presidente chinês Xi Jinping, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o presidente russo Vladimir Putin.
Descongelamento das Relações Índia-China
A visita do primeiro-ministro Modi à China é sua primeira desde 2018 e indica um possível reset das relações bilaterais, que estavam seriamente tensionadas desde o conflito fronteiriço de 2020. Nos anos subsequentes, a Índia impôs várias sanções contra a China, incluindo proibições de aplicativos chineses, requisitos mais rigorosos de investimento e suspensão de voos diretos.
Nos últimos meses, um descongelamento gradual tem sido observado, com muitas medidas punitivas sendo revertidas ou flexibilizadas. Após o encontro, ambos os países anunciaram uma série de novos acordos, embora detalhes específicos não tenham sido divulgados. A mídia estatal chinesa relatou entusiasticamente sobre o "reset" da relação.
Equilíbrio Estratégico
Analistas sugerem que a presença de Modi na cúpula da SCO reflete o complexo relacionamento da Índia com os Estados Unidos. O encontro ocorre pouco após a imposição de tarifas de 50% sobre produtos indianos pelo presidente Trump, com Washington insatisfeito com a contínua compra de petróleo russo pela Índia. Esta jogada diplomática parece destinada a contrabalançar a relação instável com os EUA.
A Índia tradicionalmente mantém uma política externa multipolar e participa de várias alianças, incluindo BRICS, SCO e QUAD - uma cooperação militar com Japão, Austrália e EUA projetada especificamente para conter a dominância chinesa na região.
Dependência Econômica da Rússia
O engajamento do presidente Putin com a China demonstra a crescente dependência econômica da Rússia de seu vizinho oriental. O líder russo enfatizou a contínua cooperação entre as duas nações em entrevista destacada no China Daily, salientando seu compromisso com a prosperidade para ambas as grandes nações.
Putin permanece na China até quarta-feira para participar de comemorações militares que marcam 80 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia. A visita segue a presença de Xi no desfile militar em Moscou em maio, reforçando a narrativa visual da aceitação internacional russa apesar das tentativas de isolamento ocidental.
Implicações Geopolíticas
A cúpula em Tianjin representa mais do que diplomacia bilateral - simboliza o surgimento de centros de poder alternativos que desafiam a dominância global dos EUA. Para a China, o evento oferece uma plataforma para se posicionar como o centro de uma ordem mundial alternativa onde a influência americana não é mais suprema.
Considerações econômicas desempenham um papel importante, com a Rússia buscando aumentar as compras chinesas de petróleo e gás em meio à estagnação econômica, enquanto discussões sobre nova infraestrutura de gasodutos permanecem no topo da agenda, juntamente com preocupações contínuas sobre a Ucrânia.