Irã retoma negociações nucleares com Europa após ameaça de sanções

Irã concorda em retomar negociações nucleares com potências europeias após ultimato de sanções, com acesso da AIEA e limites de enriquecimento como pontos centrais.
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Avance diplomático após tensões

O Irã concordou em retomar as negociações nucleares com França, Alemanha e Reino Unido na próxima semana, após ameaças de novas sanções do trio europeu. O avanço ocorreu após conversas telefônicas urgentes entre o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, e seus homólogos europeus na sexta-feira.

Prazo de sanções se aproxima

Os países E3 (França, Alemanha, Reino Unido) haviam emitido um ultimato exigindo que o Irã encontrasse uma "solução satisfatória" para seu programa nuclear antes de 31 de agosto, caso contrário, as sanções da ONU seriam reimpostas através do mecanismo "snapback". Este mecanismo permite a reimposição automática de sanções anteriores se o Irã violar os termos do acordo nuclear de 2015.

Contexto histórico do JCPOA

O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), assinado em 2015 entre o Irã e potências mundiais, impôs restrições significativas às atividades nucleares iranianas em troca do alívio de sanções. No entanto, o acordo sofreu um grande revés quando o ex-presidente americano Donald Trump se retirou unilateralmente do acordo em 2018 e reimplantou rigorosas sanções econômicas.

Acesso da AIEA é ponto crucial

Um ponto de discórdia importante nas próximas negociações será o restabelecimento do acesso dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) às instalações nucleares iranianas. O Irã suspendeu a cooperação com o órgão de vigilância nuclear da ONU em julho após ataques massivos israelenses e americanos a seus locais nucleares durante um conflito de 12 dias em junho.

Avaliação de danos controversa

A extensão dos danos ao programa nuclear iraniano pelos ataques de junho permanece incerta. Enquanto funcionários americanos alegam destruição significativa, especialmente na instalação de enriquecimento de Fordow, autoridades iranianas afirmam que os danos foram limitados e que o urânio enriquecido havia sido removido antes dos ataques. Avaliações independentes sugerem que os ataques retardaram o programa nuclear iraniano, mas não eliminaram suas capacidades.

Preocupações europeias aumentam

As preocupações europeias sobre as atividades nucleares iranianas se intensificaram nos últimos meses. A AIEA relatou em maio que o Irã havia acumulado mais de 400 kg de urânio enriquecido a 60% de pureza - bem acima dos níveis necessários para energia nuclear civil e se aproximando das concentrações de grau militar de 90%.

Canais diplomáticos abertos

Apesar das tensões, funcionários iranianos enfatizaram seu compromisso com soluções diplomáticas. "A República Islâmica do Irã nunca abandonou o caminho da diplomacia e está aberta a qualquer solução diplomática que garanta os direitos e interesses do povo iraniano", declarou o ministro das Relações Exteriores Araghchi.

Paralelamente às conversas do E3, diplomatas iranianos estão programados para se encontrar com funcionários da AIEA em Viena para discutir o restabelecimento do acesso de monitoramento. O sucesso dessas discussões técnicas será crucial para construir confiança antes das negociações políticas mais amplas.

Chloe Nowak
Chloe Nowak

Chloe Nowak é uma autora polonesa que examina a identidade juvenil e a cultura digital. Seu trabalho captura como a tecnologia molda a adolescência moderna.

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