
Política migratória dos EUA gera crise humanitária
Médicos Sem Fronteiras (MSF) relata que a política migratória dos EUA está prendendo dezenas de milhares de migrantes da América Central em uma espiral de violência física, emocional e institucional no México e na América Central. Suas conclusões são baseadas na análise de dados médicos e entrevistas com migrantes ao longo da perigosa rota que vai do Tapete do Darién, no Panamá, até o norte do México.
Impacto nas rotas migratórias
Países ao longo dessa rota, como Panamá, El Salvador, Guatemala e México, implementaram medidas rigorosas sob pressão dos EUA. Os migrantes ficam presos — não podem voltar devido a crises econômicas e sociais, nem seguir para o norte. O Tapete do Darién, uma floresta tropical sem estradas entre Colômbia e Panamá, continua sendo uma das rotas migratórias mais perigosas do mundo.
Política dura de Trump
No dia de sua posse em janeiro de 2025, o presidente Trump cancelou acordos de asilo por meio do aplicativo CBP One e enviou militares para a fronteira. Seu governo retomou deportações para países de origem ou terceiros países, como Panamá e Costa Rica. O México, então, intensificou a vigilância na fronteira com 10.000 soldados, enquanto as detenções na fronteira dos EUA caíram para um mínimo histórico de 6.000 em junho de 2025.
Sistemas de acolhimento em colapso
Os abrigos para migrantes em cidades fronteiriças mexicanas, como Ciudad Juárez, estão vazios devido à retirada de ajuda internacional. A MSF alerta que os migrantes dispersos estão mais vulneráveis à exploração, com acesso limitado a cuidados de saúde mental. "Esta política esconde deliberadamente o sofrimento com falsas narrativas de que a migração parou", afirma Frankling Frías, da MSF.
Condições nos campos
Sob pressão dos EUA, Costa Rica e Panamá estabeleceram campos remotos na selva, onde as autoridades confiscam passaportes e telefones e negam assistência jurídica. Entre janeiro de 2024 e maio de 2025, a MSF tratou quase 3.000 vítimas de violência sexual e realizou 17.000 consultas de saúde mental. A organização espera um aumento nos casos à medida que as políticas antimigratórias se intensificam.