Munique vota pelo retorno dos Jogos Olímpicos após drama de 1972

Munique aprovou com 66,4% uma candidatura olímpica em referendo histórico. A cidade mira os Jogos de 2036-2044, superando o legado do drama de 1972. Enfrenta concorrência alemã e revisão do processo do COI.

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Referendo histórico abre caminho para retorno olímpico

Os moradores de Munique votaram com maioria esmagadora a favor do retorno dos Jogos Olímpicos à sua cidade. Impressionantes 66,4% apoiaram uma candidatura para os Jogos de Verão de 2036, 2040 ou 2044. O referendo de 26 de outubro de 2025 registrou uma participação recorde de 42% - a mais alta na história dos referendos de Munique - com mais de 460.000 cidadãos participando do processo democrático.

'Este é um dia maravilhoso para Munique,' declarou o prefeito Dieter Reiter, celebrando o resultado bem-sucedido. 'Mostramos que nossa cidade apoia esta visão.' O primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, endossou o sentimento: 'Fantástico - agora precisamos seguir em frente com determinação.'

Superando um passado doloroso

A decisão marca um momento importante para uma cidade que ainda é assombrada pelos Jogos Olímpicos de 1972 em Munique, que foram ofuscados pelo sangrento sequestro onde terroristas palestinos do Setembro Negro tomaram atletas israelenses como reféns, resultando na morte de onze israelenses, um policial alemão e cinco dos oito atacantes.

Defensores da nova candidatura focaram conscientemente nos aspectos positivos da organização, enfatizando que Munique já possui grande parte da infraestrutura necessária dos Jogos de 1972. 'Queremos criar Jogos com Coração e Alma,' explicou o organizador da candidatura Thomas Bach Jr., 'com foco na sustentabilidade e uso de 90% das instalações existentes dentro de 30 quilômetros da Vila Olímpica.'

Concorrência olímpica alemã se acirra

Munique enfrenta concorrência doméstica de outras três regiões alemãs: Berlim, Hamburgo e a Região Metropolitana Reno-Ruhr, incluindo Colônia e Düsseldorf. A Confederação Esportiva Olímpica Alemã (DOSB) escolherá o candidato nacional no outono do próximo ano, após o qual a cidade selecionada avançará para o Comitê Olímpico Internacional.

O membro alemão do COI, Michael Mronz, vê a concorrência interna como benéfica: 'Como no esporte: a concorrência inspira e leva aos melhores resultados. Cada cidade traz pontos fortes únicos.'

Objeções de custos e oposição

Apesar do apoio esmagador, os críticos permanecem preocupados com o preço estimado de €18-21 bilhões. O vice-presidente do parlamento estadual da Baviera, Ludwig Hartmann, advertiu: 'Acompanharemos de perto se os organizadores cumprem seus compromissos sobre custos, sustentabilidade e transparência. O dinheiro dos contribuintes poderia ser melhor gasto em outras prioridades.'

Os opositores prometeram respeitar o resultado do referendo enquanto permanecem vigilantes. O referendo bem-sucedido representa um avanço para as ambições olímpicas alemãs, já que candidaturas anteriores falharam devido à oposição pública, incluindo a rejeição por pouco de Munique para os Jogos de Inverno de 2022 em 2013.

Processo do COI sob revisão

O momento do possível retorno olímpico de Munique permanece incerto devido a reformas em andamento dentro do COI. A nova presidente Kirsty Coventry, a primeira mulher a liderar a organização, pausou o processo de candidatura para revisar os procedimentos eleitorais e o envolvimento dos membros.

'O COI está aproveitando esta oportunidade para reavaliar o que faz mais sentido para a seleção futura de sedes,' declarou Coventry recentemente. A revisão segue preocupações sobre o momento das atribuições dos Jogos e o envolvimento dos membros no processo.

Internacionalmente, Munique enfrenta concorrência de candidatos potenciais, incluindo Qatar, Índia e possivelmente Arábia Saudita. O referendo bem-sucedido dá a Munique uma vantagem significativa em demonstrar apoio público, um fator crucial nas candidaturas olímpicas modernas.

Enquanto Munique celebra esta vitória democrática, a cidade agora aguarda a decisão da DOSB no próximo ano e o veredicto final do COI, na esperança de escrever um novo capítulo positivo em sua história olímpica mais de meio século após os trágicos eventos de 1972.

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