
Missão de resgate linguístico impulsionada por IA
Num desenvolvimento revolucionário para a preservação cultural, a inteligência artificial está a transformar a forma como documentamos e revitalizamos línguas ameaçadas em todo o mundo. Investigadores do Dartmouth College e outras instituições estão a aproveitar tecnologias de aprendizagem automática para criar ferramentas inovadoras que podem preservar a diversidade linguística antes que desapareça para sempre.
O Projeto de Resgate Nüshu
A estudante de informática Ivory Yang e a sua equipa desenvolveram o NüshuRescue, uma estrutura de IA concebida para preservar o Nüshu - uma escrita secreta criada há quatro séculos por mulheres Yao na China. Esta "escrita feminina" foi usada durante séculos antes de cair em desuso.
"O nosso trabalho mostra que a IA generativa e os grandes modelos linguísticos reduzem significativamente as barreiras para revitalizar línguas ameaçadas", afirma o professor Soroush Vosoughi. A equipa usou apenas 35 pares de frases para treinar o GPT-4 Turbo.
Crise linguística global
De acordo com a UNESCO, cerca de 40% das 7.000 línguas mundiais estão ameaçadas, com muitas a risco de desaparecer nesta geração. A ONU declarou 2022-2032 como a Década Internacional das Línguas Indígenas.
Soluções de IA para línguas com poucos recursos
O investigador Rolando Coto Solano desenvolveu modelos automáticos de reconhecimento de voz para o maori das Ilhas Cook. "A transcrição é altamente especializada e difícil, especialmente numa língua que poucas pessoas escrevem", explica.
Desafios e considerações éticas
Apesar da promessa da IA, permanecem desafios significativos. Muitas línguas ameaçadas têm dados insuficientes para treino, o que pode levar a imprecisões. Existe também o risco de viés de culturas dominantes.
Perspetivas futuras
A integração da IA na documentação linguística representa uma abordagem transformadora para a preservação da diversidade linguística. A colaboração entre desenvolvedores de IA, linguistas e comunidades indígenas será crucial.