Presidente de Madagascar dissolve parlamento durante crise política

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, dissolveu o parlamento enquanto fugia do país. Desertores militares e protestos juvenis sobre escassez de energia e água causam crise constitucional.

Instabilidade política se intensifica enquanto presidente foge do país

Madagascar enfrenta a crise política mais grave em anos depois que o presidente Andry Rajoelina dissolveu o parlamento enquanto fugia do país a bordo de um avião militar francês. Este desenvolvimento dramático ocorre em meio a protestos liderados por jovens que se transformaram em uma rebelião política completa, com unidades militares desertando para se juntar aos manifestantes que exigem a renúncia do presidente.

Crise constitucional se aprofunda

O presidente Rajoelina anunciou a dissolução da câmara baixa através de um decreto em sua página oficial do Facebook, alegando ter consultado o Senado. No entanto, o líder da oposição Siteny Randrianasoloniaiko declarou imediatamente o ato ilegal e disse à Reuters: 'O presidente da Assembleia Nacional não foi consultado sobre o decreto. De acordo com nossa constituição, esta ordem não tem validade legal.'

Desertores militares e crescente instabilidade

A crise atingiu um ponto crítico quando unidades de elite do exército, incluindo a unidade CAPSAT que anteriormente apoiou a tomada de poder de Rajoelina em 2009, desertaram para o movimento de protesto. No domingo, o presidente afirmou que havia um golpe em andamento quando soldados se juntaram a jovens manifestantes. Na manhã de segunda-feira, unidades policiais também haviam se juntado aos manifestantes, com o chefe de polícia expressando apoio ao exército e à gendarmaria nacional.

Rajoelina fugiu do país no domingo por medo de sua vida. Em um discurso tardio no Facebook, ele permaneceu intransigente e disse: 'Não permitirei que Madagascar seja destruído e apelo a todos para respeitarem a constituição.' Ele não abordou as exigências por sua renúncia.

Protestos liderados por jovens transformam cenário político

A crise atual começou no final de setembro de 2025 com protestos liderados por jovens organizados por grupos como "Leo Délestage" (Chega de apagões). Originalmente focados em escassez crônica de água e energia que dava aos residentes apenas 3 horas de eletricidade por dia, o movimento rapidamente se expandiu com queixas mais amplas sobre corrupção, pobreza e falhas de governança.

De acordo com a Al Jazeera, pelo menos 22 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas desde o início dos protestos. As manifestações representam a maior mobilização anti-governo desde que Rajoelina chegou ao poder há mais de uma década.

Reação internacional e contexto histórico

A França, antiga potência colonial de Madagascar, se envolveu na crise, com Rajoelina supostamente deixando o país a bordo de um avião militar francês. O presidente francês Emmanuel Macron pediu a manutenção da ordem constitucional.

Madagascar, que se tornou independente da França em 1960, continua sendo um dos países mais pobres do mundo. Rajoelina chegou ao poder pela primeira vez em 2009 através de um movimento apoiado pelo exército amplamente caracterizado como um golpe. Seu mandato atual começou em 2019 após vitórias eleitorais e ele foi reeleito em 2023.

A situação permanece altamente instável, com a Assembleia Nacional respondendo ao decreto de dissolução de Rajoelina votando 130-1 a favor de seu impeachment. Como disse um manifestante à mídia internacional: 'Estamos cansados de viver sem serviços básicos enquanto nossos líderes se enriquecem. Isso é sobre nosso futuro e nossa dignidade.'

Evelyn Nakamura

Evelyn Nakamura é uma jornalista premiada, especializada em inovação tecnológica e ecossistemas de startups. Suas reportagens perspicazes iluminam o cenário tecnológico em evolução do Japão.

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