Dilema da Artilharia Ucraniana: Linhas de Suprimento Sob Pressão
Enquanto a Ucrânia continua suas operações contraofensivas contra tropas russas em 2025, o país enfrenta uma escassez crítica de munição de artilharia que ameaça minar seu poder de combate no campo de batalha. As forças ucranianas atualmente disparam aproximadamente 5.000 projéteis de 155 milímetros por dia, o que equivale a cerca de 2 milhões de projéteis por ano, de acordo com análise recente. Embora isso represente uma capacidade significativa, ainda fica atrás da produção de artilharia russa, criando um desequilíbrio perigoso na linha de frente.
Aliados Europeus Intensificam Esforços
A interrupção da ajuda militar americana sob o presidente Donald Trump forçou a Ucrânia a depender fortemente de parceiros europeus para manter suas capacidades de artilharia. 'O ritmo das entregas de munição é mais importante do que a quantidade total,' explica o especialista militar Mykhailo Samus. 'Precisamos de linhas de suprimento consistentes para travar combates eficazes de contra-bateria dia após dia.'
A Alemanha emergiu como um fornecedor importante, com quase meio milhão de projéteis enviados enquanto simultaneamente expande a capacidade de produção doméstica. A iniciativa 'Shell Bridge' da República Tcheca tem sido particularmente bem-sucedida, com aproximadamente 1,5 milhão de projéteis entregues no ano passado e uma meta de 1,8 milhão até o final do ano. A Estônia está lançando um novo programa que visa fornecer 1 milhão de projéteis anualmente, criando múltiplas linhas de suprimento redundantes para garantir que a artilharia ucraniana possa continuar disparando.
Desafios de Produção e Prazos
A Ação de Apoio à Produção de Munição (ASAP) da União Europeia representa uma iniciativa de €500 milhões para abordar gargalos de produção em toda a Europa. O programa selecionou 31 projetos em cinco áreas-chave: explosivos (€124M), pólvora (€248M), projéteis (€90M), foguetes (€50M) e testes/recertificação (€2M). No entanto, a Europa não atingiu suas metas de produção de munição para 2025, adiando o objetivo para 2026.
'Vemos progresso significativo, mas mudanças políticas e gargalos de produção continuam desafiadores,' observa um funcionário anônimo de defesa europeu. 'A situação política tcheca e limitações na produção de pólvora são particularmente preocupantes.'
Esforços de Produção Doméstica
A Ucrânia não depende exclusivamente de ajuda internacional. O país produz 20 novos lançadores de rodas mensalmente para substituir perdas no campo de batalha, e a contratante de defesa alemã Rheinmetall está colaborando com a Ucrânia para construir uma nova fábrica de projéteis que produzirá centenas de milhares de projéteis por ano a partir do próximo ano. Esta capacidade de produção doméstica representa uma solução crucial de longo prazo para os desafios de munição da Ucrânia.
De acordo com relatórios da indústria de defesa da UE, o programa ASAP visa aproveitar investimentos industriais adicionais, elevando o investimento total na cadeia de suprimentos para aproximadamente €1,4 bilhão. Todos os projetos devem ser concluídos dentro de 36 meses, com melhorias significativas esperadas até o final de 2024.
Complexidades Logísticas
Os desafios logísticos vão além da produção de munição e incluem transporte, armazenamento e distribuição. As linhas de suprimento ucranianas estão constantemente sob ameaça de drones e artilharia russas, exigindo roteamento avançado e medidas de proteção. A situação em Avdiivka tornou-se particularmente significativa, onde ataques russos bem-sucedidos podem abrir estradas para abordagens ocidentais onde a defesa ucraniana é mais fina.
'Manter o ritmo de suprimento é essencial para a artilharia ucraniana travar combates eficazes de contra-bateria e manter posições defensivas,' enfatiza Samus. 'Não estamos lutando apenas por território—estamos lutando para manter nossas linhas de vida logísticas.'
Prazos da Ajuda Internacional
O cronograma para a entrega de ajuda internacional continua sendo um fator crítico no planejamento militar da Ucrânia. Embora as iniciativas europeias estejam ganhando impulso, o ritmo de entrega frequentemente fica aquém dos requisitos imediatos do campo de batalha. A iniciativa tcheca, embora bem-sucedida, enfrenta incertezas devido a mudanças políticas em Praga. Da mesma forma, a produção americana sob o mecanismo PULL oferece outra fonte, mas a incerteza política cria desafios adicionais.
Como declarou um comandante anônimo de artilharia ucraniano: 'Temos projéteis suficientes para defender, mas não o suficiente para avançar significativamente. Cada projétil conta, e constantemente calculamos nossos gastos contra as entregas esperadas.'
Os próximos meses testarão se as cadeias de suprimento europeias podem compensar totalmente a perda do apoio americano enquanto a Ucrânia continua suas operações contraofensivas contra uma força russa numericamente superior.