UE abandona imposto digital em vitória para Trump

A Comissão Europeia abandonou os planos para um imposto digital sobre gigantes tecnológicos, uma medida que beneficia o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e visa um acordo comercial favorável. Em vez disso, a UE propõe novos impostos sobre tabaco, resíduos eletrónicos e grandes empresas para pagar dívidas pós-COVID.

UE abandona imposto digital em negociação comercial com EUA

Em uma reviravolta política significativa, a Comissão Europeia abandonou os planos para um imposto digital sobre grandes empresas de tecnologia. Esta medida é vista como uma concessão ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e uma tentativa de obter condições favoráveis nas negociações comerciais em curso.

Proposta orçamental muda de foco

De acordo com um documento obtido pela POLITICO, a Comissão retirou o imposto digital da lista de taxas propostas para o próximo orçamento de sete anos da UE, que começa em 2028. Esta decisão, tomada pouco antes da apresentação oficial em 16 de julho, marca uma ruptura com a posição da Comissão em maio, quando propôs o imposto como forma de pagar as dívidas do bloco pós-pandemia.

Novas fontes de receita

Em vez disso, a executiva da UE proporá três novos impostos: um sobre produtos de tabaco, outro sobre resíduos eletrónicos e um terceiro sobre grandes empresas com um volume de negócios anual superior a 50 milhões de euros. Estas medidas devem gerar entre 25 a 30 mil milhões de euros por ano para pagar a dívida conjunta da UE do fundo de recuperação COVID-19.

Retirada estratégica

A eliminação do imposto digital é amplamente vista como um gesto de boa vontade para os Estados Unidos, onde o presidente Trump ameaçou impor tarifas retaliatórias contra países que implementassem impostos semelhantes. Ao arquivar o plano, Bruxelas espera evitar tensões comerciais e ganhar mais influência na fase final das negociações comerciais transatlânticas.

Outras propostas fiscais

O próximo orçamento também inclui planos anteriormente anunciados para um imposto sobre o carbono nas fronteiras e uma parte das receitas do sistema de comércio de emissões da UE (ETS). Numa concessão aos Estados-Membros da Europa Oriental, a Comissão reivindicará apenas uma pequena parte das receitas do ETS, ficando a maioria com os governos nacionais. As receitas do ETS alargado para edifícios e transportes rodoviários (ETS2) permanecerão totalmente com os Estados-Membros.

Limiar de unanimidade

Todos os novos impostos da UE exigem aprovação unânime dos 27 Estados-Membros, o que levará a negociações difíceis nos próximos dois anos. Alguns países, incluindo a Suécia, já se opuseram à partilha de receitas nacionais, como impostos sobre o tabaco, com a UE.

Alexander Silva

Alexander Silva é um renomado jornalista especializado em economias latino-americanas. Suas análises perspicazes oferecem perspectivas valiosas sobre o cenário financeiro da região.

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