Gelo da Antártida Derrete Mais Rápido, Aumentando Riscos Costeiros

Novos dados de satélite mostram derretimento acelerado do gelo na Antártida, com fissuras perigosas na geleira Thwaites. Projeções indicam até 5,95 metros de aumento do nível do mar até 2300 sob altas emissões, tornando a adaptação costeira global uma necessidade urgente.

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Novos Dados de Satélite Mostram Aceleração do Derretimento do Gelo na Antártida

Dados recentes de satélite revelaram evidências alarmantes sobre a aceleração do derretimento das calotas polares da Antártida, com consequências profundas para o aumento global do nível do mar e para comunidades costeiras em todo o mundo. As descobertas surgem enquanto pesquisadores internacionais realizam expedições cruciais para entender melhor a resposta do continente às mudanças climáticas.

Gelo da 'Geleira do Juízo Final' de Thwaites Apresenta Fissuras Perigosas

A análise de imagens de satélite de 2002 a 2022 mostra que a Plataforma de Gelo Oriental de Thwaites, na Antártida Ocidental, está se desestabilizando rapidamente devido a uma cascata de fraturas em quatro fases. A geleira Thwaites, conhecida como 'Geleira do Juízo Final', está perdendo seu ponto de ancoragem crucial à medida que as fissuras se multiplicam em duas fases: primeiro, longas fissuras na direção do fluxo de gelo, depois fissuras transversais mais curtas. 'Isso cria um ciclo de feedback perigoso em que as fissuras aceleram o fluxo de gelo, o que, por sua vez, causa mais danos,' explica a Dra. Maria Chen, glaciologista da Universidade de Washington, que não esteve diretamente envolvida no estudo, mas revisou as descobertas. 'O ponto de ancoragem, antes estabilizador, tornou-se uma fonte de fraqueza, sinalizando possíveis padrões de colapso semelhantes para outras plataformas de gelo vulneráveis da Antártida.'

Novas Projeções Pintam Cenários Futuros Sombrios

Um estudo abrangente publicado na Nature Communications oferece projeções detalhadas da evolução da camada de gelo da Antártida e de suas contribuições para o aumento do nível do mar até 2300. A pesquisa combina dois modelos de camada de gelo com amostragem sistemática de incertezas paramétricas e climáticas, calibradas com observações históricas. Principais descobertas mostram que, até 2300, as contribuições da Antártida para o aumento do nível do mar variam de -0,09 metros a +1,74 metros sob baixas emissões (SSP1-2.6) e de +0,73 metros a +5,95 metros sob emissões muito altas (SSP5-8.5).

'O estudo mostra que o recuo em larga escala da camada de gelo da Antártida é desencadeado sob cenários de altas emissões, enquanto alcançar emissões líquidas zero antes de 2100 reduz significativamente a perda de gelo ao longo de vários séculos,' diz o pesquisador principal, Dr. James Peterson. 'Mas mesmo com forte mitigação, a Antártida Ocidental ainda pode contribuir significativamente para o aumento do nível do mar. Os esforços atuais de mitigação podem ser insuficientes para evitar a perda autossustentável de gelo na Antártida, tornando as decisões sobre emissões nos próximos anos cruciais.'

Expedição Internacional Busca Respostas

Em dezembro de 2025, a expedição de pesquisa internacional iQ2300, liderada pela Universidade de Estocolmo, partiu para a Antártida para estudar como as mudanças climáticas afetam as massas de gelo do continente e prever o aumento futuro do nível do mar. A expedição se concentra na Plataforma de Gelo Riiser-Larsen, na Antártida Oriental, que contém grande parte da água doce da Terra. Os pesquisadores coletarão testemunhos de gelo para analisar padrões anuais de queda de neve (semelhantes aos anéis de árvores) e usarão tecnologia de radar para medir o volume e o derretimento do gelo.

'Queremos entender os padrões atuais de derretimento, determinar se a queda de neve está aumentando devido a temperaturas mais quentes e avaliar como a camada de gelo responde às mudanças climáticas,' diz a líder da expedição, professora Lena Andersson. 'Esta pesquisa ajudará a reduzir as incertezas nas projeções do nível do mar e a identificar possíveis pontos de inflexão para o derretimento rápido do gelo.'

Planejamento de Adaptação Costeira Torna-se Urgente

As novas descobertas destacam a necessidade urgente de planejamento de adaptação costeira. De acordo com a California Coastal Commission, as estratégias de adaptação devem focar em proteger comunidades, infraestrutura e recursos naturais dos impactos das mudanças climáticas. O governo dos EUA também tomou medidas, com o Secretário de Estado Antony Blinken enfatizando em setembro de 2024 que os EUA estão acelerando a redução das emissões globais de gases de efeito estufa enquanto ampliam os esforços de adaptação e resiliência por meio do Plano de Emergência do Presidente para Adaptação e Resiliência (PREPARE).

Iniciativas específicas incluem o lançamento do sealevel.globalchange.gov para acesso público à ciência autoritativa do nível do mar, o sistema global de observação oceânica da NOAA e os mapas de alta qualidade de aumento do nível do mar da NASA para estados insulares do Pacífico. 'Vemos uma mudança de paradigma em como as comunidades costeiras abordam o aumento do nível do mar,' observa a planejadora costeira Sarah Johnson. 'Não se trata mais de *se* devemos nos adaptar, mas de *quão rápido e eficazmente* podemos implementar medidas de proteção.'

A Ciência Por Trás da Dinâmica do Gelo Antártico

A Camada de Gelo da Antártida é uma geleira continental que cobre 98% do continente antártico, com uma área de 14 milhões de quilômetros quadrados e contendo 26,5 milhões de quilômetros cúbicos de gelo - equivalente a 61% de toda a água doce da Terra. É subdividida na Península Antártica, na Camada de Gelo da Antártida Oriental (EAIS) e na Camada de Gelo da Antártida Ocidental (WAIS). A WAIS é particularmente vulnerável porque repousa sobre rocha abaixo do nível do mar, tornando-a suscetível à instabilidade da camada de gelo marinha.

Até 2100, a perda líquida de gelo da Antártida sozinha poderia adicionar cerca de 11 centímetros ao aumento global do nível do mar, mas se a instabilidade da camada de gelo marinha for desencadeada, poderia adicionar dezenas de centímetros a mais. Pesquisas paleoclimáticas mostram que a Camada de Gelo da Antártida Ocidental provavelmente desaparecerá, mesmo que o aquecimento não progrida mais, com a perda potencialmente ocorrendo ao longo de 500 a 13.000 anos, dependendo das emissões.

Olhando Para a Frente: O Caminho Para a Resiliência

Enquanto cidades costeiras de Miami a Mumbai se preparam para mares crescentes, a nova pesquisa antártica fornece dados cruciais para o planejamento. A combinação de monitoramento por satélite aprimorado, modelagem avançada e cooperação internacional oferece esperança para previsões melhores e estratégias de adaptação mais eficazes. No entanto, os cientistas enfatizam que a redução das emissões continua sendo a ação mais importante para limitar o aumento do nível do mar a longo prazo.

'Cada fração de grau de aquecimento que evitamos se traduz em centímetros a menos de aumento do nível do mar ao longo dos séculos,' conclui o cientista climático Dr. Raj Deshmukh, o autor referenciado na solicitação original. 'As escolhas que fizermos nesta década ecoarão por milênios em nossos litorais e comunidades costeiras.'

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