
Devolução Histórica de Restos Humanos Coloniais
A França devolveu oficialmente três crânios humanos a Madagascar, 128 anos após terem sido levados como troféus de guerra durante o período colonial. Um dos crânios é atribuído ao Rei Toera, o último governante do reino Menabe, que foi morto e decapitado por tropas francesas em 1897.
Violência Colonial e Saque Cultural
No final do século XIX, a França enviou tropas militares para o oeste de Madagascar para assumir o controle do reino Menabe. As tropas francesas cometeram atrocidades generalizadas, incluindo massacres da população local. O Rei Toera foi assassinado e sua cabeça, juntamente com outros restos humanos, foi levada para a França como espólio de guerra.
Os crânios permaneceram armazenados por décadas no Museu Nacional de História Natural de Paris até sua cerimônia oficial de devolução na terça-feira. Os três crânios pertenciam a membros do grupo étnico Sakalava, cujos descendentes há muito buscavam sua repatriação.
Gesto Simbólico de Reconciliação
A ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, descreveu a devolução como "histórica" e declarou que os crânios "chegaram às coleções nacionais em circunstâncias que claramente violavam a dignidade humana e em um contexto de violência colonial". Sua homóloga malgaxe, Volamiranty Donna Mara, chamou o retorno de "um momento importante para a comunidade Sakalava e para todo o povo", observando que a ausência desses restos "criou uma ferida aberta no coração de nossa ilha por mais de um século".
Contexto Mais Amplo das Reparações Coloniais
Madagascar foi uma colônia francesa de 1897 até a independência em 1960. Durante uma visita à ilha em abril, o presidente francês Emmanuel Macron pediu perdão pela colonização "sanguinária e trágica" de Madagascar.
Esta repatriação marca a primeira aplicação de uma lei de 2023 projetada para acelerar a devolução de restos humanos das coleções francesas. O Museu Nacional de História Natural de Paris ainda possui aproximadamente 20.000 restos humanos de todo o mundo, muitos dos quais adquiridos durante a era colonial.
A França já devolveu restos humanos de tempos coloniais anteriormente, mais notavelmente em 2002, quando repatriou partes do corpo da sul-africana Saartjie Baartman, que foi exibida como atração humana na Europa durante séculos devido à sua constituição física.