O Quadro de Proteção de Dados UE-EUA cria proteção padronizada para transferências transatlânticas de dados, mas enfrenta desafios políticos e jurídicos que podem perturbar as atividades empresariais.

Novo quadro transatlântico padroniza proteção de dados
A União Europeia e os Estados Unidos concluíram o Quadro de Proteção de Dados Transatlântico (DPF), que oferece proteção padronizada para dados pessoais compartilhados entre os dois blocos econômicos. Este acordo substitui o Privacy Shield, anulado anteriormente, e surge após anos de incerteza jurídica após a decisão Schrems II, que rejeitou mecanismos anteriores de transferência de dados.
Como o quadro funciona
O DPF obriga empresas americanas a cumprir princípios de privacidade, incluindo finalidade específica, minimização de dados e medidas de segurança. Uma inovação importante é o Tribunal de Revisão de Proteção de Dados (DPRC) – um órgão independente que permite aos cidadãos da UE contestar o acesso de agências de inteligência dos EUA aos seus dados. O presidente Biden implementou essas salvaguardas por meio de uma ordem executiva em outubro de 2022.
Desafios políticos crescentes
Apesar da decisão de adequação da Comissão Europeia em julho de 2023, o quadro agora enfrenta grandes ameaças:
- O presidente Trump pediu a demissão de membros democratas do Conselho de Supervisão de Privacidade e Liberdades Civis (PCLOB), o que poderia paralisar este órgão crucial
- Uma ordem executiva visa políticas anteriores que apoiam o DPF para revisão
- Defensores da privacidade, incluindo a NOYB, anunciaram desafios judiciais, argumentando que as leis de vigilância dos EUA permanecem incompatíveis com o GDPR
Implicações para empresas
Mais de 5.000 empresas americanas já aderiram ao quadro. Se for revogado, as empresas terão que recorrer a alternativas complexas, como Cláusulas Contratuais Padrão (SCCs) complementadas por avaliações de impacto de transferência. Tanto gigantes de tecnologia quanto PMEs enfrentam custos potenciais de conformidade superiores a €10 bilhões coletivamente caso o quadro entre em colapso.
Próximos passos
Anu Talus, membro do Conselho Europeu de Proteção de Dados, alerta: 'A situação política cria riscos tangíveis. As empresas devem auditar seus fluxos de dados imediatamente e preparar planos de contingência.' A Comissão Europeia reavaliará o quadro em julho de 2025, com possível suspensão se os compromissos dos EUA enfraquecerem.