Zelensky garante segurança dos EUA, mas Kremlin mantém exigências no Donbas

Zelensky obtém garantias de segurança dos EUA após cúpula na Flórida com Trump, mas a Rússia exige retirada total da Ucrânia do Donbas. Questões centrais como a usina de Zaporizhzhia permanecem sem solução, apesar do envolvimento europeu.

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Encontro histórico na Flórida traz garantias, mas pontos de tensão permanecem

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky obteve um compromisso importante de garantias de segurança dos Estados Unidos após seu encontro de alto nível com o presidente Donald Trump em Mar-a-Lago, Flórida. A cúpula em 28 de dezembro, que seguiu uma longa conversa telefônica de Trump com o presidente russo Vladimir Putin, resultou em uma oferta americana de garantias de segurança de 15 anos para a Ucrânia—embora Zelensky tenha insistido em um compromisso mais longo de 30-50 anos, que chamou de uma 'decisão histórica'.

O dilema do Donbas e a proposta de referendo

Apesar do progresso nos arranjos de segurança, o destino da região oriental de Donbas permanece um grande obstáculo. Zelensky enfatizou que decisões territoriais devem envolver a população ucraniana por meio de um referendo, para o qual é necessário pelo menos um cessar-fogo de 60 dias. 'O povo ucraniano deve ter uma voz, especialmente sobre o futuro do Donbas,' disse Zelensky a jornalistas após o encontro.

A Rússia, no entanto, não demonstrou disposição para tal processo. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou horas após o encontro Trump-Zelensky que a Ucrânia deve retirar suas tropas de toda a região de Donbas, incluindo áreas que a Rússia atualmente não ocupa. 'Se Kiev não concordar, perderá mais território,' advertiu Peskov, refletindo a posição intransigente de Moscou.

Otimismo de Trump e posição de Putin

O presidente Trump mostrou-se otimista sobre as negociações e disse que cerca de 90-95% dos documentos do plano de paz foram concluídos. Ele revelou que, antes do encontro com Zelensky, conversou por mais de duas horas com Putin e planejava outra conversa com o líder russo. 'Acredito que Putin quer o melhor para a Ucrânia,' disse Trump, mencionando potenciais fornecimentos de energia e outros benefícios a 'preços muito baixos'.

Essa caracterização contrasta fortemente com as ações militares recentes da Rússia. Nos dias que antecederam o encontro na Flórida, a Rússia lançou seu ataque mais prolongado contra Kiev em 2025, atingindo infraestrutura energética crucial e deixando grandes partes da capital sem energia. Os ataques têm sistematicamente danificado a rede elétrica ucraniana durante o conflito, causando crises humanitárias nos meses de inverno.

Envolvimento europeu e próximos passos

Líderes europeus foram informados dos resultados por meio de uma teleconferência de uma hora com Trump, Zelensky e representantes da França, Alemanha, Reino Unido, Polônia, Itália, Finlândia, Noruega, OTAN e Comissão Europeia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou em 'bom progresso' e enfatizou que 'garantias de segurança sólidas desde o primeiro dia' são cruciais para qualquer cessar-fogo.

Os comentários de von der Leyen vieram enquanto ela destacava a disposição da Europa em cooperar com parceiros ucranianos e americanos para consolidar o progresso alcançado. A União Europeia tem sido um pilar fundamental de apoio à Ucrânia durante o conflito, com assistência militar, financeira e humanitária e imposição de sanções contra a Rússia.

Questões não resolvidas: Zaporizhzhia e retiradas militares

Além da questão do Donbas, várias outras questões críticas permanecem sem solução. O status da usina nuclear de Zaporizhzhia—a maior instalação nuclear da Europa, atualmente sob controle russo—não foi discutido em detalhes. Além disso, a Rússia ainda exige que a Ucrânia renuncie permanentemente aos territórios ocupados, reduza significativamente suas capacidades militares e abandone a adesão à OTAN.

O conceito de uma 'zona econômica livre' no Donbas com retiradas militares, supostamente proposto por Washington, não obteve resposta do Kremlin. Da mesma forma, Peskov se recusou a falar sobre possíveis retiradas de tropas russas dos territórios ocupados.

Perspectivas: reuniões de janeiro e desafios diplomáticos

Apesar da falta de um avanço direto em questões territoriais, ambas as partes mostraram disposição para continuar as negociações. Zelensky anunciou planos para um novo encontro na Ucrânia com representantes americanos, europeus e ucranianos nos próximos dias. Mais conversas podem estar agendadas para Washington em janeiro.

Os desenvolvimentos diplomáticos ocorrem em um momento crucial do conflito, que começou com a invasão em grande escala da Rússia em fevereiro de 2022. De acordo com a Wikipedia, Zelensky serve como presidente da Ucrânia desde 2019 e liderou a resistência do país durante a guerra. A região de Donbas tem sido um ponto focal de conflito desde 2014, com cerca de 14.000 mortos em combates antes da escalada em 2022, conforme documentado na página da Wikipedia sobre a guerra no leste da Ucrânia.

Enquanto as negociações continuam, a questão fundamental permanece: se a Rússia suavizará suas demandas maximalistas ou se a Ucrânia poderá obter garantias de segurança suficientes para considerar concessões territoriais. As próximas semanas mostrarão se o encontro na Flórida representa um progresso real para a paz ou apenas mais uma manobra diplomática em um conflito prolongado.

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