Coreia do Norte exibiu novos mísseis intercontinentais e celebrou cooperação militar com Rússia durante seu desfile de 80 anos, sinalizando tanto avanço militar quanto aproximação diplomática.

Parada militar massiva marca marco do Partido dos Trabalhadores
O líder norte-coreano Kim Jong-un exibiu o arsenal militar em expansão de seu país durante uma grande parada militar para celebrar o 80º aniversário do Partido dos Trabalhadores no poder. O evento, realizado na Praça Kim Il-sung em Pyongyang, incluiu dezenas de milhares de tropas marchando em formação apesar de fortes chuvas, demonstrando a importância contínua do poder militar como componente central da identidade nacional.
A parada incluiu a primeira exibição pública do míssil balístico intercontinental Hwasong-20, descrito pela mídia estatal norte-coreana como 'o sistema de armas nucleares estratégicas mais poderoso do país'. O enorme míssil, montado em lançadores de 11 eixos, representa o mais recente avanço da Coreia do Norte em capacidades de ataque de longo alcance. 'Este míssil poderia potencialmente transportar múltiplas ogivas nucleares, tornando mais difícil para os sistemas de defesa inimigos interceptarem,' observou o analista militar Joost Oliemans em sua avaliação para NK News.
Diplomacia internacional em foco
O evento serviu como plataforma diplomática para a Coreia do Norte, com representantes de alto nível da China, Rússia e Vietnã presentes. O primeiro-ministro chinês Li Qiang e o ex-presidente russo Dmitri Medvedev ficaram ao lado de Kim Jong-un, sinalizando relações em aquecimento com parceiros internacionais importantes. 'A presença desses funcionários mostra os esforços da Coreia do Norte para sair do isolamento internacional,' observou Laura van Megen, correspondente da NOS Nieuws.
Um momento particularmente simbólico ocorreu quando soldados norte-coreanos que lutaram ao lado de tropas russas na Ucrânia marcharam em formação, carregando bandeiras russas e norte-coreanas. Medvedev mostrou entusiasmo visível durante este segmento e declarou posteriormente que sua participação provou os 'laços fraternos e a invencibilidade da aliança, forjada ao custo de sangue' entre as duas nações.
Contexto econômico e relações internacionais
A parada ocorreu no contexto da melhoria da situação econômica da Coreia do Norte. De acordo com a análise do Korea Economic Institute, a economia norte-coreana cresceu 3,7% em 2024, o crescimento mais rápido desde 2016. Esta recuperação segue anos de dificuldades econômicas agravadas por sanções internacionais e fechamentos de fronteiras devido à COVID-19.
Apesar deste crescimento, a Coreia do Norte permanece fortemente dependente da China, que representa cerca de 90% do seu comércio oficial. No entanto, a relação renovada com a Rússia trouxe benefícios econômicos, especialmente nas indústrias de defesa e manufatura. 'A cooperação econômica com a Rússia tem sido um fator importante na recente recuperação econômica da Coreia do Norte,' de acordo com analistas econômicos que acompanham a região.
Kim Jong-un referiu-se ao presidente russo Vladimir Putin como seu 'queridíssimo camarada' durante as celebrações e expressou apoio à 'defesa da integridade territorial e construção de uma Rússia poderosa' da Rússia. Esta retórica enfatiza o alinhamento estratégico entre as duas nações em meio a tensões internacionais contínuas.
Capacidades militares e mensagem estratégica
Além do Hwasong-20, a parada incluiu diversos outros recursos militares, incluindo mísseis balísticos de curto alcance, mísseis de cruzeiro, armas hipersônicas, tanques, sistemas de artilharia e drones. Notavelmente ausente estava o tradicional show aéreo com aeronaves militares, sugerindo que pode haver limitações nas capacidades da força aérea norte-coreana ou uma mudança nas prioridades das exibições.
A escala da parada deste ano pareceu um pouco menor do que as celebrações anteriores, segundo analistas militares. 'A ambição para esta parada pareceu mais modesta em comparação com as anteriores,' observou Oliemans, apontando para os contínuos desafios econômicos e sanções internacionais que afetam o país.
As sanções da ONU permanecem em vigor contra a Coreia do Norte devido ao seu programa de armas nucleares, embora a aplicação tenha se tornado mais complicada, pois tanto a China quanto a Rússia, anteriormente apoiadoras das sanções, aqueceram suas relações com Pyongyang. A parada serviu como uma mensagem clara de que a Coreia do Norte continua priorizando o desenvolvimento militar apesar da pressão internacional.
Enquanto a Coreia do Norte celebra oito décadas de governo do Partido dos Trabalhadores, a parada militar demonstrou tanto o compromisso contínuo do regime com o poder militar quanto suas relações diplomáticas em evolução. O evento destacou a determinação da Coreia do Norte em melhorar suas capacidades militares enquanto busca fortalecer parcerias internacionais que possam mitigar o impacto das sanções contínuas.