O rover Perseverance da NASA descobriu minerais ricos em ferro em Marte que representam a evidência mais forte até agora para vida microbiana antiga, mas a confirmação definitiva requer o retorno de amostras à Terra.

Descoberta histórica em Marte
O rover Perseverance da NASA fez o que os cientistas chamam de descoberta mais convincente até agora na busca por vida antiga em Marte. O rover identificou minerais ricos em ferro em manchas semelhantes a leopardos em uma rocha chamada Cheyava Falls na cratera Jezero - minerais que na Terra geralmente se formam através de atividade microbiana.
A evidência convincente
A combinação mineral encontrada nessas marcas distintas representa o que a NASA descreve como uma 'impressão digital potencial' para vida microscópica que pode ter existido bilhões de anos atrás, quando Marte tinha rios e lagos. 'Estamos mais perto do que nunca de encontrar evidências de vida passada em Marte,' diz a astrobióloga Inge Loes ten Kate da Universidade de Amsterdã e Universidade de Utrecht.
De acordo com o comunicado oficial da NASA, as assinaturas mineralógicas específicas são particularmente difíceis de explicar por processos não biológicos. Enquanto descobertas anteriores poderiam ser atribuídas à química abiótica, esta descoberta apresenta o primeiro caso em que explicações não biológicas são significativamente desafiadoras para sustentar.
Cautela científica e contexto histórico
Os pesquisadores esperaram um ano completo antes de publicar suas descobertas na prestigiosa revista Nature, refletindo a cautela da comunidade científica após o fiasco da 'rocha 84001' em 1996, quando alegações semelhantes foram posteriormente refutadas. O geoquímico Paul Mason da Universidade de Utrecht observa: 'Os pesquisadores nunca estiveram tão perto quando se trata de encontrar bioassinaturas em Marte.'
A equipe científica enfatiza que, embora isso represente a evidência mais forte até agora, a confirmação definitiva requer análise laboratorial na Terra. O Perseverance já coletou uma amostra da rocha Cheyava Falls, armazenada em um de seus tubos de titânio para possível retorno futuro à Terra.
O desafio do retorno de amostras de Marte
O próximo passo crítico envolve a complexa missão Mars Sample Return, uma operação com múltiplas espaçonaves que traria amostras de Marte de volta à Terra para análise detalhada. No entanto, esta missão ambiciosa enfrenta desafios políticos e orçamentários, especialmente em relação às prioridades de financiamento sob o governo atual.
Apesar desses obstáculos, a comunidade científica permanece otimista de que a análise dessas amostras específicas poderia render o que Ten Kate descreve como possivelmente 'uma das pistas mais fortes de que micróbios poderiam crescer no antigo Marte.'