O exército nigeriano resgatou 100 crianças sequestradas da Escola St. Mary's, mas cerca de 165 permanecem desaparecidas. O incidente destaca a epidemia de sequestros na Nigéria, onde o crime se tornou uma indústria lucrativa, expondo falhas estruturais de segurança.
Crise de Sequestro em Massa Parcialmente Resolvida Após Resgate Militar
Em um desenvolvimento significativo na crise de segurança contínua na Nigéria, 100 crianças em idade escolar sequestradas no mês passado de um internato católico foram resgatadas por unidades militares nigerianas. As crianças, algumas com apenas cinco anos de idade, estavam entre os mais de 300 alunos e 12 professores sequestrados em 21 de novembro de 2025 da Escola St. Mary's em Papiri, estado de Níger, no que se tornou um dos maiores sequestros em massa da história do país.
A Operação de Resgate e os Desafios Restantes
De acordo com a Associação Cristã da Nigéria (CAN), que foi a primeira a relatar o resgate, as crianças foram libertadas por meio de uma operação militar, embora detalhes específicos sobre a missão de resgate não tenham sido divulgados por razões de segurança. 'Podemos confirmar que 100 de nossas preciosas crianças retornaram em segurança graças aos esforços de nossas forças de segurança,' disse o reverendo Samson Ayokunle, presidente da CAN. 'Enquanto celebramos esta vitória, nossos corações permanecem pesados pelas aproximadamente 150 crianças que ainda estão em cativeiro.'
O resgate ocorre após semanas de intensa pressão sobre as autoridades nigerianas para garantir a libertação das crianças. Pouco após o sequestro inicial, cerca de 50 crianças conseguiram escapar por conta própria, elevando o número total de crianças libertadas para 150, com aproximadamente 165 ainda desaparecidas de acordo com dados da Wikipedia.
Contexto da Epidemia de Sequestros na Nigéria
Este incidente destaca a crise de segurança que se aprofunda na Nigéria, onde o sequestro evoluiu para uma indústria lucrativa. De acordo com o Business Day Nigeria, sequestradores exigiram quase N48 bilhões (cerca de US$ 1,66 milhão) em resgate apenas entre julho de 2024 e junho de 2025, com pagamentos verificados de N2,57 bilhões recebidos em 997 incidentes envolvendo 4.722 vítimas.
'O que estamos vendo é a industrialização do sequestro,' explicou a analista de segurança Dra. Fatima Bello. 'Grupos armados nas regiões noroeste e centro-norte da Nigéria transformaram o sequestro em um modelo de negócio sistemático, visando escolas, instituições religiosas e comunidades vulneráveis com frequência crescente.'
Falhas Estruturais de Segurança
A crise expõe fraquezas fundamentais no aparato de segurança nigeriano. Uma análise do The Conversation identifica deficiências institucionais críticas, incluindo grave escassez de pessoal policial (apenas 370.000 oficiais para 220 milhões de pessoas), subfinanciamento crônico, condições de trabalho precárias onde policiais juniores ganham apenas US$ 44 por mês e uma estrutura supercentralizada que impede a prestação de contas local.
O presidente Bola Tinubu declarou estado de emergência de segurança no início deste ano, mas, como observado no relatório do Outlook India, a crise continua a escalar. A situação envolve múltiplos grupos armados: Boko Haram e o Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP) no nordeste, impulsionados por ideologia, e grupos de bandidos não ideológicos nas regiões noroeste e centro-norte que dependem principalmente de pagamentos de resgate.
Resposta Internacional e Impacto Local
O sequestro em Papiri levou a condenações internacionais, inclusive do Papa Leão XIV e do governo dos Estados Unidos. O incidente resultou em fechamentos generalizados de escolas em todo o estado de Níger e aumento do medo entre pais e autoridades educacionais.
'Todos os dias que meu filho está na escola, eu rezo por sua segurança,' disse a mãe Amina Mohammed, cuja filha de 8 anos frequenta outra escola no estado de Níger. 'Não podemos continuar assim. A educação não deveria ser uma sentença de morte.'
O Quartel-General da Defesa afirmou que as operações de resgate para as crianças restantes continuam. O Major-General Michael Onoja, Diretor de Operações de Mídia da Defesa, declarou no Vanguard Nigeria que 'a segurança das crianças sequestradas é uma prioridade máxima de segurança nacional' e pediu ao público que não compartilhe informações não verificadas que possam comprometer as operações.
Perspectivas Futuras
Embora o resgate de 100 crianças represente progresso, especialistas em segurança alertam que, sem abordar as causas subjacentes – incluindo pobreza, desemprego, governança fraca e falhas institucionais de segurança – a crise de sequestros da Nigéria persistirá. O impacto econômico já é grave, com a 'economia do resgate' esgotando a riqueza doméstica, minando os negócios e interrompendo a produção agrícola nas regiões afetadas.
Enquanto a Nigéria celebra o retorno dessas 100 crianças a suas famílias, a nação enfrenta a realidade sóbria de que aproximadamente 165 crianças do mesmo incidente ainda estão desaparecidas, e que milhares de outros nigerianos vivem sob a ameaça constante de sequestro no que se tornou um dos desafios de segurança mais urgentes da África.
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