Lufthansa cortará 4.000 empregos até 2030 em reestruturação com IA

A Lufthansa planeja eliminar 4.000 empregos administrativos até 2030 através de digitalização e automação com IA. A reestruturação visa melhorar a rentabilidade após queda de 18% no lucro em 2024 devido a greves e custos mais altos. Os cortes focarão em funções de back-office na Alemanha.

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Lufthansa anuncia grande redução de pessoal

O gigante aéreo alemão Lufthansa Group revelou planos de eliminar 4.000 funções administrativas até 2030 como parte de uma estratégia abrangente de reestruturação focada na digitalização e automação. A redução de empregos, anunciada em setembro de 2025, representa a maior redução de pessoal no maior grupo aéreo da Europa desde a pandemia e afetará principalmente funções de back-office na Alemanha.

Transformação digital impulsiona cortes de empregos

O esforço de reestruturação, chamado internamente de "Matrix Next Level", visa abordar as preocupações dos investidores sobre controle de custos e rentabilidade defasada. A Lufthansa pretende alcançar essas reduções de pessoal por meio de digitalização, automação e consolidação de processos, com inteligência artificial desempenhando um papel central na transformação das funções administrativas.

"Precisamos digitalizar, automatizar e consolidar nosso trabalho administrativo para permanecermos competitivos em um mercado de aviação cada vez mais desafiador," disse um porta-voz da Lufthansa. A empresa enfatizou que o pessoal operacional, incluindo pilotos, comissários de bordo, mecânicos e equipe terrestre, não será afetado por esses cortes.

Pressão financeira aumenta

O anúncio chega em um momento em que a Lufthansa enfrenta desafios financeiros significativos. A empresa relatou uma queda de 18% no lucro líquido em 2024 para 1,38 bilhão de euros, apesar de um ligeiro aumento na receita para 37,6 bilhões de euros. O declínio do lucro foi atribuído a múltiplos fatores, incluindo greves, custos mais altos na Alemanha e atrasos nas entregas de aeronaves.

O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, está sob pressão para melhorar a rentabilidade depois que a empresa não atingiu suas metas de médio prazo em 2021 e teve que reduzir suas perspectivas duas vezes em 2024. A companhia aérea estabeleceu novas metas financeiras, incluindo alcançar mais de €2,5 bilhões em fluxo de caixa livre de 2028-2030 e um retorno ajustado sobre o capital investido de 15-20%.

Integração de IA acelera

A estratégia de transformação digital da Lufthansa inclui investimentos significativos em inteligência artificial. A empresa colaborou com a Google Cloud para desenvolver sua Operations Decision Support Suite (OPSD), que integra dados de múltiplos domínios para fornecer recomendações em tempo real para operações de voo. O sistema alcançou uma impressionante taxa de adoção de 90% pelos controladores de operações.

Além disso, a Lufthansa anunciou recentemente uma parceria estratégica com a Infosys para estabelecer um Centro de Capacitação Global em Bengaluru, Índia, focado no desenvolvimento de soluções de aviação alimentadas por IA. "Esta colaboração nos ajudará a otimizar operações digitais e melhorar os serviços aos passageiros por meio de aplicações avançadas de IA," explicou um executivo de tecnologia da Lufthansa.

Reação sindical e relações trabalhistas

A redução planejada de empregos já recebeu críticas dos sindicatos. O sindicato Verdi declarou que não aceitará "cortes drásticos" e planeja usar as próximas negociações coletivas para combater tais medidas. Isso ocorre em meio a conflitos trabalhistas contínuos sobre pensões e condições de trabalho que já levaram a várias greves em 2024 e 2025.

"Entendemos a necessidade de eficiência, mas não podemos aceitar perdas de empregos nesta escala sem consulta adequada e consideração por nossos membros," disse um representante do sindicato Verdi. O sindicato prometeu proteger os interesses dos trabalhadores durante o processo de reestruturação.

Contexto da indústria e perspectivas futuras

A reestruturação da Lufthansa reflete tendências mais amplas na indústria da aviação, onde as companhias aéreas estão cada vez mais usando tecnologia para melhorar a eficiência e reduzir custos. A empresa, que opera múltiplas companhias aéreas, incluindo Swiss, Austrian e Brussels Airlines, transportou 131 milhões de passageiros em 2024, mas perdeu terreno para os rivais europeus IAG e Air France-KLM em termos de rentabilidade.

Apesar da redução de empregos, a Lufthansa continua sua modernização da frota com planos de introduzir mais de 230 novas aeronaves até 2030, incluindo 100 aviões de longo alcance. A empresa também concluiu recentemente um acordo para adquirir uma participação minoritária na italiana ITA Airways, com planos de aumentar gradualmente sua participação para 100% ao longo de 18 meses.

O anúncio da reestruturação foi bem recebido pelos investidores, com as ações da Lufthansa subindo 3,4% no início das negociações após a notícia. No entanto, a empresa ainda enfrenta desafios, incluindo possíveis greves de pilotos, atrasos nas entregas de aeronaves e problemas de certificação com sua nova cabine premium Allegris em aeronaves Boeing 787-9.

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