Atriz Lendária e Ativista Morre em Saint-Tropez
O ícone do cinema francês Brigitte Bardot, cujo nome se tornou sinônimo do glamour dos anos 50 e da libertação sexual, faleceu aos 91 anos de idade. A lendária atriz, modelo, cantora e ativista dos direitos dos animais morreu no domingo em sua casa em Saint-Tropez, no sul da França, conforme informado por sua fundação à agência de notícias francesa AFP. A causa da morte não foi imediatamente divulgada.
De Símbolo Sexual a Campeã dos Direitos Animais
Bardot, frequentemente chamada simplesmente de 'BB', ganhou fama internacional na década de 1950 com seu papel de estreia em E Deus Criou a Mulher (1956), de Roger Vadim. O filme, no qual ela interpretou uma jovem mulher libertária, a tornou um símbolo sexual instantâneo e lhe rendeu o apelido de 'a Marilyn Monroe europeia'. Ela atuaria em um total de 47 filmes e se tornaria uma das exportações culturais mais reconhecíveis da França.
O presidente francês Emmanuel Macron prestou homenagem à atriz nas redes sociais, chamando-a de 'lenda do século' que 'encarnou uma vida de liberdade'. 'Ela tocou o povo francês através de seus filmes, sua voz e seu amor incondicional pelos animais,' escreveu Macron no X.
Uma Figura Controvertida com Impacto Duradouro
Apesar de celebrada por suas conquistas cinematográficas, os anos posteriores de Bardot foram marcados por controvérsias. Após sua aposentadoria como atriz em 1973, aos 39 anos, ela dedicou-se ao ativismo pelos direitos dos animais e fundou a Brigitte Bardot Foundation em 1986. Ela vendeu muitos de seus memorabilia de cinema e joias para financiar esforços de proteção animal, tornando-se uma voz proeminente para criaturas que, segundo ela, 'não têm voz'.
No entanto, Bardot também recebeu várias condenações por incitação ao ódio, principalmente direcionadas contra muçulmanos na França. Ela foi multada seis vezes por incitar o ódio racial, com seus comentários frequentemente provocando críticas generalizadas. Apesar dessas controvérsias, sua fundação permaneceu uma força importante no bem-estar animal, e ela continuou seu trabalho para proteger espécies ameaçadas e combater a crueldade contra os animais.
Problemas de Saúde Recentes e Legado
Nos últimos meses, Bardot foi hospitalizada várias vezes, mas permaneceu ativa publicamente. Apenas dois meses antes de sua morte, ela desmentiu rumores falsos sobre seu falecimento nas redes sociais, dizendo: 'Ainda não estou pronta para minha última reverência.' Sua declaração veio depois que ela foi 'declarada morta' online no que chamou de 'uma piada mórbida'.
A influência de Bardot foi muito além do cinema. Como a filósofa Simone de Beauvoir escreveu em seu ensaio A Síndrome de Lolita (1959), Bardot foi uma 'locomotiva da história das mulheres' que representou um novo tipo de liberdade feminina. Seu estilo característico – cabelo loiro platinado, delineador de olhos e vestidos xadrez – inspirou gerações de designers de moda e ainda é referenciado na cultura popular.
Ela deixa um legado complexo: uma pioneira cinematográfica que desafiou normas sociais, uma ativista apaixonada pelos direitos dos animais e uma figura política controversa. Como observou o historiador de cinema Jean-Michel Frodon: 'Bardot representou tanto o glamour da França do pós-guerra quanto suas contradições. Ela foi um símbolo de libertação que mais tarde se associou a visões restritivas, mas seu impacto no cinema permanece inegável.'
Sua fundação confirmou sua morte, mas não deu detalhes sobre os arranjos funerários. Homenagens chegaram de todo o mundo, com muitos lembrando-a como um dos últimos ícones da era de ouro de Hollywood que se reinventou com sucesso como uma ativista dedicada. De acordo com a France 24, a morte de Bardot marca 'o fim de uma era no cinema francês'.