Parlamento do Nepal incendiado em protestos anticorrupção

Edifício parlamentar do Nepal incendiado em protestos, 900 prisioneiros fugiram, 22 mortos. Exército assume controlo, comunidade internacional exige investigação.

Caos em Katmandu após destruição do histórico edifício parlamentar

A capital do Nepal mergulhou no caos após protestos anticorrupção onde manifestantes invadiram e incendiaram o icónico edifício parlamentar Singha Durbar. O complexo histórico foi completamente consumido pelo fogo, marcando o segundo dia de protestos em larga escala que abalam a nação do Himalaia.

Fuga em massa de prisões e intervenção militar

Numa escalada dramática, centenas de prisioneiros escaparam de dois centros de detenção no oeste do Nepal após manifestantes invadirem as prisões. Autoridades confirmaram que aproximadamente 900 detidos estão foragidos, criando desafios de segurança adicionais para o governo.

O exército nepalês anunciou na terça-feira à noite ter assumido o controlo da situação, embora o significado preciso desta declaração permaneça incerto. Líderes militares caracterizaram os protestos como "sequestrados por vândalos e saqueadores que estão a aproveitar-se da situação". "O movimento de protesto foi convocado ao diálogo para parar o caos," declarou o comandante supremo.

Aumento de mortes e preocupação internacional

O número de mortos nos distúrbios subiu para 22, com a maioria das mortes ocorrendo na segunda-feira quando a polícia disparou e matou 17 manifestantes que tentavam invadir o edifício parlamentar. Hospitais reportaram 209 feridos na terça-feira, embora a maioria das vítimas tenha sido tratada e liberada.

O alto comissário de direitos humanos da ONU, Volker Türk, condenou a violência e afirmou: "Muitos jovens manifestantes foram mortos ou feridos. Relatos de uso desproporcional da força pelas autoridades devem ser urgentemente investigados."

Significado histórico do Singha Durbar

O destruído complexo palaciano Singha Durbar, construído em 1908 pelo primeiro-ministro Chandra Shumsher JBR, servia como coração administrativo do Nepal. O edifício neoclássico abrigava ambas as câmaras do parlamento e numerosos ministérios governamentais. Este marca o segundo grande incêndio no local, após um incêndio em 1973 que destruiu três alas do palácio.

A crise atual começou com protestos contra uma proibição de redes sociais que já foi revogada. Embora o primeiro-ministro K.P. Sharma Oli tenha renunciado na segunda-feira, a sua saída não conseguiu acalmar a raiva pública que evoluiu para um sentimento anticorrupção generalizado.

De acordo com registos históricos, o complexo palaciano contava com 1.700 salas antes do incêndio de 1973, com pisos de mármore, mobiliário de prata e candelabros de cristal. A destruição em 2025 representa outro golpe devastador para o património arquitetónico do Nepal.

Raj Deshmukh

Raj Deshmukh é um premiado jornalista indiano e defensor da educação que transformou experiências pessoais em reportagens impactantes sobre escolas rurais. Seu trabalho desencadeou reformas políticas e lhe rendeu reconhecimento internacional, além de mentorar futuras gerações.

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