Crise política força renúncia do primeiro-ministro Oli
O primeiro-ministro nepalês KP Sharma Oli anunciou sua renúncia após dias de protestos violentos que resultaram em 21 mortes. A instabilidade política surgiu depois que o governo implementou uma polêmica proibição de mídias sociais que bloqueou plataformas como Facebook, X, YouTube e WhatsApp em todo o país do Himalaia.
Repressão letal gera indignação nacional
A crise atingiu o ápice na segunda-feira quando a polícia abriu fogo contra manifestantes que tentavam invadir o parlamento, resultando em 19 mortes. A violência continuou hoje com duas mortes adicionais, elevando o total para 21. 'O governo perdeu completamente a conexão com o povo,' disse um jovem manifestante que preferiu permanecer anônimo. 'Estamos lutando pelo nosso futuro e contra a corrupção sistêmica.'
Proibição de mídia social como catalisador
O gatilho imediato para os protestos foi a implementação na semana passada de rigorosas regras de mídia social que efetivamente desativaram as principais plataformas. Embora Oli tenha revogado a proibição esta manhã sob pressão crescente, a medida não conseguiu acalmar a raiva pública. Os manifestantes já haviam expandido suas demandas para reformas políticas mais amplas e medidas anticorrupção.
Movimento liderado pela juventude ganha momentum
O movimento, apelidado de "protesto da Geração Z" devido aos participantes predominantemente jovens, reflete a frustração profundamente enraizada entre a juventude nepalesa em relação à corrupção governamental e às oportunidades econômicas limitadas. Os manifestantes se inspiraram em protestos semelhantes no Bangladesh exatamente um ano antes, onde a primeira-ministra Sheikh Hasina foi forçada a fugir do país.
Hoje, manifestantes, apesar de um toque de recolher na capital Kathmandu, incendiaram o escritório do partido de Oli e a casa de seu recentemente renunciado ministro do Interior. A residência privada do primeiro-ministro também foi atacada por multidões furiosas. Escolas permaneceram fechadas e o tráfego aéreo no aeroporto internacional de Kathmandu foi suspenso.
Análise do correspondente regional
'Em uma carta pública, o primeiro-ministro Oli explica que renuncia para dar ao país a chance de alcançar uma solução política para a agitação,' relatou a correspondente do Sul da Ásia, Devi Boerema. 'O governo também anunciou uma investigação sobre os incidentes de segunda-feira. Mas para os manifestantes, isso não é suficiente—eles exigem um governo completamente novo.'
O futuro político do Nepal permanece incerto enquanto o país enfrenta sua crise política mais significativa nos últimos anos. Os manifestantes continuam exigindo novas eleições dentro de dois a três meses, argumentando que a corrupção impregnou todo o sistema político nepalês.