Ex-premiê da Malásia Najib condenado a 15 anos em mega escândalo de corrupção

Ex-primeiro-ministro da Malásia Najib Razak recebe 15 anos de prisão e multa de US$ 3,3 bilhões por escândalo de corrupção do 1MDB, envolvendo desvio de US$ 4,5 bilhões de fundo estatal.

Ex-líder da Malásia condenado em caso histórico de corrupção

Em uma decisão histórica que marca um novo capítulo em um dos maiores escândalos financeiros do mundo, o ex-primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, foi condenado a 15 anos de prisão e deve pagar uma multa impressionante de 13,5 bilhões de ringgit (US$ 3,3 bilhões) em multas e devolução de ativos. O ex-líder de 72 anos foi considerado culpado em 26 de dezembro de 2025 em todas as 25 acusações - quatro casos de abuso de poder e 21 casos de lavagem de dinheiro - relacionadas ao enorme escândalo de corrupção do 1Malaysia Development Berhad (1MDB).

O escândalo do 1MDB: Uma saga financeira global

O escândalo do 1MDB, que eclodiu em 2015, envolveu o alegado desvio de mais de US$ 4,5 bilhões do fundo de investimento estatal da Malásia, criado em 2009 sob a liderança de Najib. De acordo com investigadores da Malásia e dos Estados Unidos, quase US$ 1 bilhão foi desviado diretamente para as contas bancárias pessoais de Najib. Os fundos teriam sido lavados através de vários países, incluindo Singapura, Suíça e Estados Unidos, sendo o dinheiro usado para compras extravagantes, como iates de luxo, pinturas de Van Gogh e Monet e joias caras.

'Esta sentença envia um forte sinal de que ninguém está acima da lei, nem mesmo ex-primeiros-ministros,' disse a ativista anticorrupção da Malásia Cynthia Gabriel, que acompanhou o caso de perto.

A defesa de Najib e a rejeição judicial

Durante o julgamento, Najib manteve sua inocência e alegou que foi enganado e acreditava que as centenas de milhões de dólares depositados em suas contas eram doações políticas da família real saudita. No entanto, o juiz Collin Lawrence Sequerah rejeitou essas alegações como 'pura fantasia' e 'não críveis,' apontando a presença de documentos falsificados na defesa de Najib.

O juiz afirmou que Najib não tomou medidas razoáveis para verificar a origem dos enormes valores e, em vez disso, usou o dinheiro enquanto abusava de seu poder como primeiro-ministro para se proteger de investigações de corrupção. 'As evidências mostram um padrão claro de abuso de poder para ganho pessoal,' declarou o juiz Sequerah em sua sentença.

Evidências extravagantes e consequências internacionais

Durante as investigações após a prisão de Najib em 2018, as autoridades apreenderam centenas de bolsas de luxo de marcas como Hermès e Louis Vuitton, dezenas das quais estavam cheias de dinheiro em espécie e joias. Os bens apreendidos tinham um valor de aproximadamente US$ 234 milhões. O escândalo também envolveu instituições financeiras internacionais, notadamente o Goldman Sachs, que em 2020 pagou bilhões em multas por seu papel em ajudar a arrecadar fundos para o 1MDB.

O caso do 1MDB teve repercussões globais, com investigações abrangendo vários continentes. O Departamento de Justiça dos EUA o descreveu como o maior caso de cleptocracia que já processou, com ativos recuperados incluindo um superiate de US$ 250 milhões, imóveis de luxo em Beverly Hills e Londres, e obras de arte de Picasso e Monet.

Implicações políticas e status atual

Najib, que serviu como primeiro-ministro da Malásia de 2009 a 2018, já está cumprindo uma pena de 12 anos de uma condenação em 2020 em um caso relacionado ao 1MDB. Sua pena atual foi reduzida pela metade no ano passado por uma comissão de clemência, mas a nova pena de 15 anos só começa depois que ele cumprir sua sentença de prisão existente, que termina em 23 de agosto de 2028. Ele se tornou o primeiro ex-primeiro-ministro da Malásia a ser preso quando começou a cumprir sua pena em 2022.

O escândalo teve profundas consequências políticas e contribuiu para a derrota sem precedentes da coalizão Barisan Nasional de Najib nas eleições gerais de 2018, após seis décadas no poder. O caso continua a moldar a política da Malásia, com o United Malays National Organisation (UMNO) de Najib agora fazendo parte da aliança governista do primeiro-ministro Anwar Ibrahim.

'Esta sentença representa um marco importante nos esforços anticorrupção da Malásia, mas a luta contra a corrupção sistêmica está longe de terminar,' observou o analista político James Chin, da Universidade da Tasmânia.

Procedimentos legais e futuros recursos

A defesa reservou o direito de recorrer da sentença, embora não tenha apresentado imediatamente um pedido de suspensão da execução. Especialistas jurídicos sugerem que o processo de apelação pode levar vários anos, possivelmente prolongando a saga legal que começou há quase uma década. O tribunal também ordenou a devolução de 2,08 bilhões de ringgit em ativos de Najib como parte da sentença abrangente.

Enquanto a Malásia continua a lidar com as consequências do escândalo do 1MDB, esta última sentença reforça o compromisso do país de combater a corrupção de alto nível e serve como um aviso sobre os perigos do poder descontrolado e da má gestão financeira nos mais altos níveis de governo.

Daniel Takahashi

Daniel Takahashi é um distinto correspondente internacional reportando do Sudeste Asiático. Com raízes profundas no Japão, ele traz insights culturais únicos para seu jornalismo internacional.

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