Eleições sírias pós-Assad revelam sub-representação feminina

As primeiras eleições da Síria após Assad mostram representação limitada para mulheres (apenas 6 de 119 assentos) e minorias, levantando preocupações sobre governança inclusiva.

Primeiras eleições após Assad expõem problemas de representação

As primeiras eleições parlamentares sírias desde a queda do ditador Bashar al-Assad em dezembro de 2024 resultaram em representação limitada para mulheres e grupos minoritários, de acordo com resultados preliminares divulgados esta semana. O processo eleitoral indireto, no qual aproximadamente 6.000 membros de comissões eleitorais regionais escolheram dois terços dos parlamentares, recebeu críticas devido à falta de representação adequada da diversa população da Síria.

Números decepcionantes para mulheres e minorias

Dos 119 candidatos eleitos, apenas seis são mulheres, representando apenas 5% dos cargos eleitos. Minorias religiosas e étnicas tiveram desempenho ligeiramente melhor, com dez assentos para grupos incluindo curdos e cristãos, e duas posições atribuídas a alauítas - a minoria à qual pertencia o ex-presidente deposto Assad. 'A representação das mulheres sírias continua insatisfatória,' reconheceu Nawar Najma, porta-voz da Comissão Eleitoral Superior, durante coletiva de imprensa.

O próprio processo eleitoral enfrentou desafios significativos, com 21 assentos não preenchidos devido a eleições adiadas em várias regiões. Áreas sob controle curdo no norte e nordeste da Síria, juntamente com a província de maioria drusa Sweida, foram excluídas do processo de votação porque o governo de transição não tem autoridade nessas regiões.

Contexto histórico e sistema eleitoral

Estas eleições marcam um marco importante na transição da Síria de décadas de governo autoritário sob o regime Assad. O país luta com as consequências de uma guerra civil devastadora que começou em 2011 como parte dos protestos da Primavera Árabe e culminou com a queda de Assad em dezembro de 2024. O conflito resultou em centenas de milhares de mortes e milhões de sírios deslocados, o que segundo autoridades levou a dados populacionais não confiáveis que dificultaram o processo eleitoral.

O presidente Ahmed al-Sharaa, que assumiu o poder após a revolução, havia indicado anteriormente que eleições diretas poderiam levar até quatro anos para serem organizadas. O atual sistema indireto foi considerado necessário devido ao que o advogado de direitos humanos Anwar al-Bunni descreveu como 'a ausência de trabalho político, partidos e atividade política' após anos de governo autoritário.

Reações mistas de cidadãos sírios

A correspondente Daisy Mohr conversou recentemente com residentes em Damasco que estavam cautelosamente otimistas sobre o processo eleitoral. 'Não é perfeito, mas é um primeiro passo,' observou um cidadão, refletindo os sentimentos mistos que muitos sírios têm sobre o futuro político de seu país.

O sistema eleitoral estabelecido em junho de 2025 pelo Decreto Presidencial 66 criou uma Comissão Superior de Eleições da Assembleia Popular com 11 membros, responsável por supervisionar a formação de subcomissões eleitorais. A comissia havia inicialmente buscado pelo menos 20% de participação feminina, uma meta claramente não alcançada nos resultados finais.

Perspectivas futuras

Espera-se que o presidente Sharaa nomeie os 70 membros restantes do parlamento de 210 membros nas próximas semanas. Funcionários eleitorais expressaram confiança de que o presidente abordará os desequilíbrios atuais de representação através dessas nomeações. No entanto, o poder significativo que o presidente tem sobre nomeações parlamentares gerou preocupações entre alguns sírios sobre a natureza democrática da transição.

Os desafios enfrentados pelo novo sistema político da Síria são consideráveis. Além das questões de representação, o país deve abordar a reconstrução após anos de conflito, o retorno de refugiados e o estabelecimento de governança estável em todas as regiões. Como observou um analista político: 'Esta eleição representa tanto progresso quanto o trabalho enorme que ainda está por vir para o desenvolvimento democrático da Síria.'

Para informações mais detalhadas sobre a transição política da Síria, visite A cobertura da Wikipedia sobre as eleições parlamentares sírias de 2025 e contexto sobre a guerra civil síria.

Sofia Martinez

Sofia Martinez é uma premiada jornalista investigativa conhecida por expor corrupção na Espanha e na América Latina. Sua corajosa reportagem levou a condenações de alto perfil e reconhecimento internacional.

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