Purga acadêmica atinge literatura feminina e ensino de direitos
O regime Talibã no Afeganistão escalou sua repressão aos direitos das mulheres ao proibir todos os livros escritos por autoras dos currículos universitários. Esta medida abrangente, anunciada em 19 de setembro de 2025, afeta 670 livros didáticos em 18 disciplinas acadêmicas, incluindo 140 obras de autoras femininas.
A proibição se estende a disciplinas consideradas "contrárias à sharia e à política do Talibã", incluindo direitos humanos, democracia, direito constitucional, filosofia e assédio sexual. Seis das disciplinas proibidas focam especificamente nos direitos das mulheres, como gênero e desenvolvimento, papéis das mulheres na sociedade e sociologia feminina.
Eliminação sistemática de vozes femininas
Zakia Adeli, ex-vice-ministra da Justiça, disse à BBC: "Dada a mentalidade hostil às mulheres do Talibã, é lógico que as mulheres, além da proibição do ensino superior, agora vejam suas opiniões, ideias e escritos sendo suprimidos."
Este passo representa o mais recente em uma série de restrições impostas desde que o Talibã retomou o poder em 2021. As mulheres foram sistematicamente excluídas da vida pública, banidas da educação após o ensino fundamental e restritas na maioria das oportunidades de emprego.
Restrições à internet agravam isolamento
Simultaneamente à purga acadêmica, o Talibã impôs uma proibição nacional à internet de fibra óptica, cortando milhões de afegãos da conectividade global. A proibição, justificada como prevenção de "imoralidade e pecado", já está em vigor em 10 das 34 províncias do Afeganistão.
Este isolamento digital afeta especialmente mulheres que dependiam de recursos online para educação após sua proibição no ensino formal. As restrições vão além de materiais educacionais e incluem plataformas de mídia social como TikTok e Facebook.
Organizações internacionais condenaram ambas as medidas. A Afghanistan Media Support Organization alertou que a proibição da internet "mantém informações e serviços essenciais longe dos cidadãos e representa uma séria ameaça à liberdade de expressão".
Condenação internacional e ação legal
O Tribunal Penal Internacional em Haia emitiu em julho de 2025 mandados de prisão contra dois líderes do Talibã—o líder supremo Haibatullah Akhundzada e o juiz-chefe Abdul Hakim Haqqani—por "crimes contra a humanidade através da perseguição de meninas e mulheres com base no gênero".
A maioria dos países se recusa a reconhecer o governo Talibã devido à opressão sistemática das mulheres, o que isola ainda mais o Afeganistão internacionalmente e agrava a crise econômica e a pobreza generalizada.
Fonte: BBC News