Cúpula Global Define Estruturas para Redução de Resíduos Plásticos

Cúpula internacional estabelece estruturas vinculantes para redução de resíduos plásticos em meio a retrocessos em compromissos corporativos. Novos sistemas de medição e compromissos políticos focam na crise global do plástico.

Cúpula Internacional Foca na Redução de Resíduos Plásticos

Com a poluição plástica global atingindo níveis críticos, líderes internacionais se reuniram na Cúpula do Plástico 2025 em Lisboa para enfrentar um dos desafios ambientais mais urgentes do nosso tempo. O evento, com o tema 'Rumo a uma Nova Era de Sustentabilidade Responsável e Holística', reuniu formuladores de políticas, líderes empresariais e especialistas ambientais para estabelecer estruturas concretas para reduzir resíduos plásticos por meio de compromissos mensuráveis e sistemas de responsabilização.

Compromissos Políticos e Responsabilidade Corporativa

A cúpula marcou uma mudança significativa de compromissos voluntários para estruturas políticas vinculantes. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, enfatizou a urgência durante seu discurso: 'Não há espaço para greenwashing em nossa luta contra a poluição plástica. Precisamos de responsabilidade corporativa real e compromissos vinculantes que produzam resultados tangíveis.' Este sentimento foi ecoado ao longo do evento enquanto governos anunciavam novas abordagens regulatórias para gestão de resíduos plásticos.

A Regulamentação Europeia de Embalagens e Resíduos de Embalagens (PPWR) emergiu como uma estrutura fundamental, exigindo que empresas alcancem metas específicas de reciclagem e redução. De acordo com análise recente, 2025 representa um ano crucial para a responsabilidade corporativa em plásticos, com requisitos obrigatórios de divulgação através dos quadros CDP, CSRD e TNFD entrando em vigor.

Compromissos Corporativos Sob Escrutínio

Embora a cúpula tenha destacado progressos, também revelou tendências preocupantes nos compromissos de sustentabilidade corporativa. Desenvolvimentos recentes mostraram que grandes empresas de bens de consumo, incluindo Coca-Cola, PepsiCo e Unilever, reduziram seus compromissos de redução de plásticos. Relatórios do setor indicam que a Coca-Cola estendeu suas metas de material reciclado de 2030 para 2035 e reduziu metas de coleta de 100% para 70-75%.

A decisão recente da PepsiCo de abandonar sua meta de 20% de embalagens reutilizáveis até 2030 atraiu críticas particulares. Um representante da Oceana observou: 'Quando grandes poluidores retrocedem em compromissos, isso prejudica esforços globais e coloca nossos oceanos em maior risco. Precisamos de regulamentação vinculante, não promessas voluntárias que podem ser abandonadas quando conveniente.'

Estruturas de Medição que Impulsionam Mudanças

A cúpula introduziu estruturas de medição inovadoras para garantir responsabilidade. A nova Estrutura de Contabilização de Mitigação de Plásticos (MAC Framework) da Plastic Footprint Network oferece a primeira abordagem padronizada para empresas medirem e reportarem esforços de redução de plásticos. Esta estrutura cobre indicadores-chave incluindo uso total de plástico, taxas de coleta, percentuais de material reciclado e rastreamento de plástico mal gerenciado.

Segundo análise da EY, a contabilização de plásticos representa a peça crítica que faltava para enfrentar a crise global de poluição plástica. Com a produção de plástico projetada para crescer de 460 milhões de toneladas em 2019 para 1.200 milhões de toneladas em 2060, sistemas padronizados de medição são essenciais para acompanhar o progresso e responsabilizar empresas.

Progresso do Compromisso Global

O Compromisso Global da Fundação Ellen MacArthur, estabelecido em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, mostrou progresso significativo apesar dos desafios. Dados da fundação mostram que signatários representando 20% de todas as embalagens plásticas evitaram 14 milhões de toneladas de plástico virgem, triplicaram o uso de material reciclado e evitaram 7,8 milhões de toneladas de emissões de CO2 anualmente.

Entretanto, a diretora da fundação observou: 'Embora tenhamos dado passos importantes, a escala do desafio exige que todas as empresas acelerem seus esforços. O Compromisso Global 2030 constrói sobre nosso sucesso, mas exige maior ambição e implementação mais rápida.'

Perspectivas Futuras

A cúpula terminou com um apelo para ação acelerada antes do tratado juridicamente vinculante para acabar com a poluição plástica programado para agosto de 2025. Participantes enfatizaram que compromissos corporativos devem ser apoiados por medição transparente, verificação independente e consequências significativas para não conformidade.

Como resumiu um especialista em política ambiental: 'Esta cúpula representa um ponto de virada. Estamos nos movendo de metas aspiracionais para resultados mensuráveis. As estruturas estabelecidas aqui determinarão se podemos realmente enfrentar a crise de poluição plástica ou simplesmente gerenciar os sintomas.'

O sucesso destas iniciativas dependerá da colaboração contínua entre governos, empresas e organizações da sociedade civil para criar uma economia circular onde resíduos plásticos sejam eliminados em vez de simplesmente gerenciados.

Matthew Eriksson

Matthew Eriksson é um especialista norueguês especializado em transporte e infraestrutura. Seu trabalho concentra-se no desenvolvimento de soluções sustentáveis de mobilidade urbana e sistemas de transporte público resilientes.

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