Títulos Verdes Alcançam US$ 600 Bi no 1º Semestre de 2025

A emissão global de títulos verdes atingiu US$ 600 bilhões no primeiro semestre de 2025, caminhando para US$ 1 trilhão no ano. A emissão corporativa cresce na Ásia-Pacífico enquanto a Europa lidera no geral. Novas diretrizes para títulos de transição abordam setores difíceis de descarbonizar. A demanda dos investidores permanece forte apesar da resistência política.

Emissão de Títulos Verdes Cresce com Mercado em Amadurecimento

O mercado global de títulos verdes está experimentando um crescimento sem precedentes, com a emissão de títulos sustentáveis no primeiro semestre de 2025 atingindo quase US$ 600 bilhões, colocando o mercado no caminho para superar US$ 1 trilhão no ano inteiro. De acordo com o Relatório de Títulos Sustentáveis ICE para H1 2025, os títulos verdes continuam dominando o cenário de financiamento sustentável, com 58% da emissão total. Este crescimento explosivo reflete um compromisso crescente de empresas e governos com o financiamento voltado para o clima.

Corporativo vs Soberano: Tendências Divergentes

A emissão de títulos verdes corporativos mostrou resiliência notável, especialmente na região Ásia-Pacífico, onde empresas chinesas impulsionaram crescimento significativo. 'Vemos empresas chinesas assumindo a liderança na APAC, com os setores de manufatura e tecnologia abraçando o financiamento verde em escala sem precedentes,' observa a analista de financiamento sustentável Maria Chen. Enquanto isso, os padrões de emissão de entidades soberanas mudaram, com líderes tradicionais como França e Alemanha mantendo volumes fortes, enquanto mercados emergentes estão entrando cada vez mais no espaço.

O setor financeiro aumentou sua emissão de títulos verdes em US$ 50 bilhões em comparação com períodos anteriores, impulsionado principalmente por instituições europeias e da APAC que buscam alinhar suas carteiras com metas climáticas. No entanto, setores da economia real sofreram algum declínio, destacando o desafio contínuo de traduzir inovação financeira em transformação industrial tangível.

Uso dos Rendimentos: Padrões e Escrutínio em Evolução

A alocação dos rendimentos dos títulos verdes tornou-se cada vez mais sofisticada, com emissores enfrentando escrutínio crescente sobre como os fundos são implantados. A International Capital Market Association (ICMA) lançou novas diretrizes para Títulos de Transição Climática, criando uma nova categoria de instrumentos rotulados de uso de recursos. Essas diretrizes abordam especificamente a lacuna de financiamento para setores difíceis de descarbonizar, como combustíveis fósseis, que estima-se precisarem de US$ 30 trilhões em capital adicional para se tornarem neutros em carbono até 2050.

'O novo quadro de títulos de transição representa um passo crucial à frente,' explica o diretor de finanças sustentáveis da ICMA, James Wilson. 'Ele permite que empresas em indústrias intensivas em carbono acessem financiamento sustentável enquanto demonstram trajetórias críveis de descarbonização.'

Rotulagem e Certificação: Construindo Confiança do Investidor

A rotulagem de títulos emergiu como um fator crítico na tomada de decisão dos investidores. O programa de certificação da Climate Bonds Initiative, que começou em Londres, serviu como modelo para diretrizes nacionais de listagem de títulos verdes em todo o mundo. A rotulagem padronizada ajuda os investidores a distinguir investimentos climáticos genuínos de tentativas de greenwashing, o que é especialmente importante à medida que a resistência política cria incerteza em alguns mercados.

De acordo com as Perspectivas ESG da Moody's para 2025, o mercado enfrenta desafios, incluindo escrutínio crescente sobre greenwashing, regulamentação em evolução e dificuldades no gerenciamento de riscos ambientais nas cadeias de suprimentos. Apesar desses desafios, a demanda dos investidores permanece robusta, com títulos verdes superando títulos convencionais em quase 2% em 2024.

Dinâmica Regional: Europa Lidera, Ásia Cresce

A Europa continua dominando o mercado de títulos verdes, com aproximadamente 60% da emissão total, de acordo com a análise da AXA IM. Condições macroeconômicas favoráveis e potenciais cortes de juros pelo BCE criam condições propícias para a liderança europeia contínua. Enquanto isso, a Ásia emerge como uma área de crescimento robusto, com regulamentação madura e forte apoio governamental impulsionando o aumento da atividade.

Os Estados Unidos viram sua participação cair para apenas 8,5% da emissão global, em grande parte devido à resistência ESG e incerteza política. 'A contração do mercado americano reflete tensões políticas mais amplas em torno do financiamento climático,' observa o estrategista de investimentos sustentáveis David Rodriguez. 'No entanto, esperamos que isso seja temporário, já que as realidades econômicas e as preferências dos investidores acabarão prevalecendo.'

Perspectivas Futuras: Muros de Vencimento e Necessidades de Refinanciamento

O mercado enfrenta um 'muro de vencimento' significativo em 2025-2026, quando as primeiras emissões de títulos verdes atingem suas datas de resgate. Isso cria tanto desafios quanto oportunidades, com emissores precisando refinanciar sua dívida vencida enquanto os investidores buscam novas oportunidades de investimento sustentável. As necessidades de refinanciamento que se aproximam devem impulsionar a inovação contínua nas estruturas de títulos e quadros de uso de recursos.

Títulos azuis, focados em conservação marinha e hídrica, mostraram o crescimento mais rápido ano a ano e tornaram-se regionalmente diversificados além da APAC. Essa diversificação sugere que o mercado de títulos sustentáveis está amadurecendo além de suas áreas de foco iniciais.

À medida que o mercado se aproxima do marco de US$ 1 trilhão para 2025, as partes interessadas em todo o ecossistema financeiro observam atentamente. A evolução contínua dos padrões de rotulagem, quadros de uso de recursos e dinâmica regional moldará o futuro do financiamento climático nos próximos anos.

Ava Bakker

Ava Bakker é uma renomada correspondente holandesa de ciência e espaço, cujas reportagens perspicazes trazem maravilhas cósmicas para audiências globais. Seu trabalho conecta a complexa astrofísica ao entendimento público.

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