Líderes Mundiais se Unem pela Saúde dos Oceanos na Cúpula da ONU
A Terceira Conferência dos Oceanos da ONU (UNOC3) foi concluída em Nice, França, com uma declaração política histórica adotada unanimemente por mais de 170 países. Organizada pela França e Costa Rica, a cúpula de cinco dias reuniu 15.000 participantes, incluindo mais de 60 chefes de Estado e de governo, representando um ponto de virada crucial para os esforços globais de proteção dos oceanos.
Grandes Compromissos Financeiros Realizados
A conferência produziu o Plano de Ação Nice Ocean, com mais de 800 compromissos voluntários para proteção marinha, combate à poluição e financiamento dos oceanos. 'Isso representa o maior investimento coordenado na saúde dos oceanos na história da humanidade,' disse o presidente francês Emmanuel Macron durante a cerimônia de encerramento. A Comissão Europeia prometeu um investimento de €1 bilhão em proteção dos oceanos, enquanto a Alemanha comprometeu €100 milhões especificamente para a remoção de munição subaquática que ameaça os ecossistemas marinhos.
Áreas Marinhas Protegidas Históricas Estabelecidas
A Polinésia Francesa anunciou a criação da maior área marinha protegida do mundo, com 5 milhões de quilômetros quadrados, um passo que conservacionistas consideraram revolucionário. 'Proteger essas vastas áreas oceânicas é essencial para a conservação da biodiversidade global e o combate às mudanças climáticas,' declarou a bióloga marinha Dra. Sylvia Earle, que participou da cúpula como conselheira especial.
Estruturas de Monitoramento e Compromissos Nacionais
A cúpula estabeleceu estruturas abrangentes de monitoramento para acompanhar o progresso dos compromissos de proteção. Cada país participante apresentou compromissos nacionais detalhados com metas e cronogramas específicos. O sistema de monitoramento inclui vigilância por satélite, verificação in loco e relatórios regulares de progresso para garantir a responsabilidade. 'Pela primeira vez, temos um sistema transparente para garantir que as promessas se tornem ação,' observou o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves.
Progresso do Tratado do Alto Mar
Uma conquista significativa foi a ratificação do Tratado do Alto Mar por mais 19 países, totalizando 50 - apenas 10 aquém dos 60 necessários para implementação. Este tratado, também conhecido como acordo BBNJ, estabelece governança para a biodiversidade marinha em áreas além da jurisdição nacional, que cobrem quase dois terços dos oceanos do mundo. O mecanismo de financiamento do acordo BBNJ foi um ponto de discussão importante, debatendo como os esforços de proteção em águas internacionais devem ser financiados.
Enfrentando a Lacuna de Financiamento
A cúpula confrontou diretamente o déficit crítico de financiamento na proteção dos oceanos. De acordo com o Relatório da Lacuna dos Oceanos 2025, há um déficit anual de US$ 14,6 bilhões, com atualmente apenas US$ 1,2 bilhão indo para a proteção marinha versus os US$ 15,8 bilhões necessários para atingir a meta 30x30 (proteger 30% dos oceanos até 2030). 'Não podemos esperar - os custos econômicos e ecológicos da inação são muito altos,' alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Perspectivas Futuras
Apesar da ausência de uma delegação sênior americana, a conferência mostrou uma unidade global notável com a participação de 92% dos atores oceânicos. O foco agora se desloca para a Conferência dos Oceanos da ONU de 2028, co-organizada pelo Chile e Coreia do Sul, onde o progresso desses compromissos será avaliado. O sucesso desta cúpula representa um passo crucial para a gestão sustentável dos oceanos e a conservação dos ecossistemas marinhos para as gerações futuras.