PKK conclui retirada do território turco em marco histórico
Em um marco significativo para os esforços de paz no Oriente Médio, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou a retirada completa de todos os seus combatentes da Turquia para o norte do Iraque, representando um passo crucial no processo de paz em andamento com Ancara. Este desenvolvimento histórico segue a renúncia formal da luta armada pelo PKK em maio de 2025, após quase quatro décadas de conflito que custou aproximadamente 40.000 vidas.
Anúncio cerimonial nas montanhas Qandil
A retirada foi formalmente anunciada durante uma cerimônia nas montanhas Qandil, no norte do Iraque, onde 25 combatentes do PKK (incluindo 8 mulheres) foram apresentados como tendo chegado da Turquia. 'Estamos a caminho de implementar o projeto de paz do líder Öcalan,' disse um porta-voz do PKK à Reuters. 'Por isso, a outra parte, a Turquia, deve implementar mudanças políticas e criar um ambiente adequado para executar o projeto.'
Da luta armada ao engajamento político
O PKK, fundado em 1978, inicialmente buscou um estado curdo independente, mas posteriormente mudou suas demandas para autonomia e direitos políticos ampliados para os curdos dentro da Turquia. O grupo é classificado como organização terrorista pela Turquia, Estados Unidos, União Europeia e vários outros países. No entanto, desenvolvimentos recentes indicam uma transformação fundamental na abordagem da organização.
'A existência dos curdos foi reconhecida e o objetivo básico do PKK foi alcançado,' disse o líder preso do PKK, Abdullah Öcalan, em uma rara aparição em vídeo neste verão após 20 anos de isolamento. 'Por isso, também podemos nos afastar da estratégia militar.'
Reação turca e implicações políticas
Autoridades turcas saudaram a retirada como progresso concreto em seus esforços antiterrorismo. Um porta-voz do partido governista AK disse no X: 'Garantindo que o processo de desarmamento e dissolução possa continuar sem interrupção, os objetivos podem ser alcançados.' Ele se referia ao objetivo de tornar a Turquia "livre do terror".
O processo de paz ganhou impulso no final de 2024 quando o líder do Partido de Ação Nacionalista, Devlet Bahçeli, surpreendentemente convidou Öcalan para falar no parlamento. Isso levou a múltiplas visitas de delegações do partido pró-curdo DEM a Öcalan na prisão de İmralı, onde ele está detido desde 1999.
Impacto regional e perspectivas futuras
A correspondente na Turquia Gülsah Ercetin observa: 'Desde o início das negociações, além dos apoiadores, também houve vozes críticas entre alguns nacionalistas e pensadores turcos. A crítica é que essas negociações podem levar a mais divisão no país.'
A retirada representa o desenvolvimento mais significativo desde a cerimônia simbólica de destruição de armas do PKK em julho de 2025, que a Turquia classificou como um "ponto de virada irreversível". Foi estabelecida uma comissão parlamentar para criar o marco legal para o processo de paz, o que também inclui a determinação do destino de Öcalan.
Como expressou um combatente do PKK durante a cerimônia de retirada: 'Queremos trabalhar em direção a uma vida livre, democrática e fraterna com a Turquia.' Este sentimento reflete o potencial para um novo capítulo nas relações turco-curdas, embora desafios significativos permaneçam na tradução da retirada militar em soluções políticas duradouras.