Filial Chinesa da Nexperia se Distancia Durante Tensões Geopolíticas
Em uma escalada dramática do conflito contínuo de semicondutores entre China e Holanda, as operações chinesas da Nexperia declararam formalmente sua independência da empresa-mãe holandesa. A filial chinesa enviou diretrizes aos funcionários através de seu canal oficial no WeChat afirmando explicitamente que a Nexperia China opera como uma entidade separada regida pelas leis e regulamentos chineses.
A comunicação interna, que veio à tona em 20 de outubro de 2025, instrui os funcionários chineses a ignorar comunicações da administração holandesa e rejeitar instruções de fora da China. 'Salários, bônus e outras remunerações continuarão a ser pagos pela Nexperia China, não pela Nexperia Holanda,' afirma o documento, enfatizando a separação financeira entre as duas entidades.
Antecedentes da Ruptura Corporativa
A Nexperia, originalmente parte da divisão de semicondutores da Philips, tornou-se uma subsidiária integral da empresa chinesa Wingtech Technology em 2018 através de uma aquisição de US$ 3,6 bilhões. A empresa é especializada na fabricação de chips essenciais, mas relativamente simples, que são amplamente utilizados em eletrônicos automotivos, dispositivos de consumo e aplicações industriais.
A crise atual começou em 30 de setembro de 2025, quando o governo holandês invocou a Lei de Disponibilidade de Bens para assumir o controle da governança da Nexperia. Autoridades holandesas citaram "deficiências graves de governança" e preocupações sobre possível transferência de tecnologia para a China como justificativa para a intervenção. A medida resultou na suspensão do fundador da Wingtech, Zhang Xuezheng, como diretor executivo.
Consequências Internacionais
A ruptura corporativa gerou preocupações imediatas nas cadeias de suprimentos globais, particularmente na indústria automotiva. A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) alertou que os estoques existentes de chips podem se esgotar em semanas, o que poderia forçar paradas de produção em grandes fábricas de automóveis.
'Sem esses chips, os fornecedores europeus de automóveis não podem produzir os componentes necessários, ameaçando paradas de produção em toda a Europa,' disse um porta-voz da ACEA a repórteres. A associação representa grandes fabricantes, incluindo Volkswagen, BMW e Renault, que dependem de componentes da Nexperia para eletrônica veicular.
Em retaliação à intervenção do governo holandês, o Ministério do Comércio chinês impôs restrições à exportação de chips da Nexperia produzidos na China. Esta medida criou uma tempestade perfeita para a indústria automotiva global, que ainda se recupera da escassez de chips do período pandêmico.
Esforços Diplomáticos em Andamento
O ministro interino Micky Karremans tem um encontro agendado para o final desta semana com seu homólogo chinês para discutir a situação em escalada. Ambos os governos têm sido reticentes sobre a agenda específica, mas fontes indicam que as conversas se concentrarão em encontrar uma solução que garanta o fornecimento contínuo de chips e, ao mesmo tempo, aborde preocupações de segurança nacional.
O Ministério de Assuntos Econômicos holandês confirmou estar ciente da declaração da filial chinesa, mas se recusou a comentar substancialmente. Da mesma forma, a Nexperia Holanda reconheceu a comunicação, mas não ofereceu uma resposta substantiva.
Analistas da indústria alertam que a situação representa uma escalada significativa na guerra fria tecnológica contínua entre a China e os países ocidentais. 'Isso não é mais apenas sobre governança corporativa - trata-se de questões fundamentais de soberania tecnológica e segurança da cadeia de suprimentos,' observou a especialista em semicondutores Dra. Elena Rodriguez.
Enquanto o drama diplomático e empresarial se desenrola, os fabricantes de automóveis em todo o mundo estão correndo para garantir fontes alternativas de chips, embora especialistas da indústria alertem que substituir os componentes especializados da Nexperia pode levar meses, potencialmente causando interrupções generalizadas na produção nesse meio tempo.