Quatro mortos em violência policial no funeral de Odinga

Quatro pessoas morreram quando a polícia queniana atirou contra enlutados no funeral de Raila Odinga. A cerimônia memorial em Nairobi degenerou em violência com confrontos entre polícia e manifestantes.

Caos na homenagem a líder da oposição

Quatro pessoas morreram e várias outras ficaram feridas quando a polícia queniana abriu fogo contra enlutados durante uma cerimônia memorial para o ex-primeiro-ministro Raila Odinga em Nairobi. O incidente ocorreu na quinta-feira no estádio Kasarani, onde milhares de pessoas se reuniram para prestar suas últimas homenagens ao líder da oposição de 80 anos, que morreu na quarta-feira de ataque cardíaco durante um tratamento médico na Índia.

'Eles arrombaram uma cerca e invadiram o local,' disse a testemunha ocular Felix Ambani Uneck, que estava presente no funeral. 'Então a polícia começou a atirar - havia caos por toda parte.'

Violência se intensifica no estádio

De acordo com relatos da BBC, não está claro se a polícia usou munição real ou balas de borracha durante o confronto. As forças de segurança também usaram gás lacrimogêneo para dispersar a enorme multidão que se reuniu para ver o corpo de Odinga. O estádio estava superlotado, com muitos enlutados extras tentando forçar a entrada.

A violência segue perturbações anteriores na quinta-feira, quando milhares de apoiadores de Odinga invadiram o aeroporto internacional de Nairobi com galhos e bandeiras quenianas, fazendo com que uma cerimônia fosse cancelada onde o presidente William Ruto e outros funcionários receberiam o corpo de Odinga.

Legado político de Odinga

Raila Odinga foi uma figura central na luta do Quênia pela democracia e serviu como primeiro-ministro de 2008 a 2013 sob um acordo de partilha de poder. Ele concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência, mais recentemente desafiando o presidente Ruto nas eleições de 2022. Sua carreira política abrangeu décadas, começando nos anos 80 como opositor do regime autoritário do presidente Daniel arap Moi, pelo qual passou oito anos na prisão.

O presidente Ruto, apesar de rival político de Odinga, descreveu-o como um 'mestre da democracia' e um 'lutador destemido pela liberdade,' e anunciou sete dias de luto nacional. 'Ele lutou incansavelmente pela democracia multipartidária no Quênia, e hoje desfrutamos dessas liberdades por causa de sua luta,' contou o estudante universitário Felix Ambani Uneck à Reuters.

História de violência política

Esta não é a primeira vez que ocorrem confrontos mortais entre a polícia e manifestantes no Quênia. No verão passado, pelo menos 10 pessoas morreram e 29 ficaram feridas em protestos anti-governo, onde manifestantes exigiam a renúncia de Ruto e protestavam contra corrupção e violência policial.

As eleições presidenciais de 2007, que Odinga parecia ter vencido antes que a vitória fosse concedida a Mwai Kibaki, levaram a violência generalizada e instabilidade política que matou cerca de 1.200 pessoas. Muitos observadores concluíram que as eleições foram fraudulentas.

Enquanto o Quênia lamenta a perda de uma de suas figuras políticas mais proeminentes, a violência em seu funeral destaca as tensões contínuas no cenário político do país e levanta questões sérias sobre a atuação policial durante reuniões públicas.

Lily Varga

Lily Varga é uma jornalista húngara dedicada a reportar sobre direitos das mulheres e questões de justiça social. Seu trabalho amplifica vozes marginalizadas e impulsiona conversas importantes sobre igualdade.

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