Atriz de IA causa polêmica em Hollywood
A indústria do entretenimento enfrenta um novo desafio tecnológico agora que Tilly Norwood, uma atriz gerada por IA criada pela cineasta holandesa Eline van der Velden, provocou debates acalorados e indignação entre a elite de Hollywood. A personalidade digital hiper-realista, desenvolvida através do estúdio de produção de IA de van der Velden, Particle6, e sua subsidiária Xicoia, é apresentada por sua criadora como 'a próxima Scarlett Johansson ou Natalie Portman'.
Reações de celebridades e preocupações da indústria
Vários atores de primeira linha expressaram fortes objeções à criação de IA. Emily Blunt, conhecida por seus papéis em Mary Poppins Returns e The Devil Wears Prada, expressou profunda preocupação durante uma entrevista em podcast, dizendo 'Isso é IA? Deus, estamos com problemas. Isso é realmente muito, muito ruim. Por favor, agências de talentos, não façam isso. Parem de tirar a conexão humana.'
Whoopi Goldberg e Natasha Lyonne juntaram-se ao coro de críticas. Lyonne, estrela de Orange Is the New Black e Russian Doll, chamou o desenvolvimento de 'profundamente enganador e totalmente insano' e exigiu que 'qualquer agência de talentos que se envolva com isso seja boicotada.' Goldberg enfatizou as diferenças fundamentais entre artistas humanos e criações sintéticas, observando que o público pode distinguir entre emoção humana genuína e performances dirigidas por computador.
Defesa da criadora
Eline van der Velden, que tem formação como atriz com papéis em produções holandesas, incluindo a série VPRO Beatrix, Oranje onder vuur, defende sua criação como expressão artística em vez de substituição humana. Em uma postagem no LinkedIn, ela explicou que Norwood foi criada usando dez programas diferentes, incluindo ChatGPT e Runway.
'Esperamos poder acolher a inteligência artificial como uma maneira adicional de nos expressarmos, além do teatro, cinema, pintura, música e inúmeras outras formas,' declarou van der Velden. Ela vê a IA como 'um trabalho criativo e obra de arte' que pode abrir portas para 'novas vozes' e compara o processo criativo com o desenvolvimento de um personagem ou papel.
Forte oposição do SAG-AFTRA
O Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA) tomou uma posição firme contra a atriz de IA. O sindicato, que recentemente encerrou uma greve histórica de 118 dias em 2023 que incluía proteções importantes de IA, emitiu uma declaração afirmando que Norwood 'não é um ator; é um personagem gerado por um programa de computador treinado no trabalho de inúmeros artistas profissionais.'
O sindicato enfatizou que a criação de IA 'não tem experiência de vida para extrair, nenhuma emoção. O público não está interessado em assistir conteúdo gerado por computador desvinculado da experiência humana.' O SAG-AFTRA alertou que agências e estúdios podem enfrentar problemas contratuais se usarem Norwood, referindo-se ao acordo de 2023 que estabeleceu proteções contra o uso não autorizado de IA em performances.
Implicações mais amplas da indústria
A controvérsia surge em um momento crítico para a indústria do entretenimento, que ainda está lidando com as consequências das greves trabalhistas de 2023. De acordo com a reportagem da BBC, o debate reflete preocupações mais profundas sobre o papel da IA em campos criativos e o impacto potencial no emprego para artistas humanos.
O estúdio Particle6 de van der Velden tem planos ambiciosos para a Xicoia, visando criar mais de 40 personas de IA e expandir para entretenimento com roteiro, performances ao vivo e merchandising. No entanto, a forte oposição de atores e seu sindicato sugere resistência significativa a essa visão de entretenimento movido por IA.
Enquanto a indústria navega por essa nova paisagem tecnológica, a controvérsia de Tilly Norwood destaca a tensão contínua entre inovação e tradição, entre avanço tecnológico e a preservação da artisticidade humana no entretenimento.