Ex-presidente Joseph Kabila do Congo condenado à morte à revelia por traição e crimes contra a humanidade, acusado de colaboração com rebeldes do M23.

Tribunal militar emite sentença histórica contra ex-líder
Um tribunal militar na República Democrática do Congo condenou o ex-presidente Joseph Kabila à morte à revelia por traição e crimes contra a humanidade. O ex-líder de 54 anos foi considerado culpado de colaboração com o movimento rebelde M23, que conduz uma insurgência violenta no leste do Congo com suposto apoio do país vizinho Ruanda.
Duas décadas de poder terminam em queda dramática
Kabila, que governou o Congo por quase duas décadas de 2001 a 2019, vive no exílio desde sua renúncia. O processo começou em julho de 2025, mas Kabila nunca compareceu ao tribunal e sua localização atual permanece desconhecida. Os promotores haviam solicitado a pena de morte por vários crimes graves, incluindo assassinato, abuso sexual e facilitação do terrorismo.
A sentença representa uma virada dramática para o ex-presidente, cujo pai Laurent-Désiré Kabila foi assassinado em 2001, levando o jovem Kabila ao poder com apenas 29 anos. Durante sua presidência, o Congo conheceu períodos de relativa estabilidade, mas também continuou enfrentando conflitos persistentes nas regiões orientais.
Tensões políticas e conflito regional
O caso contra Kabila escalou no início deste ano quando ele apareceu em Goma, capital da província de Kivu do Norte, onde rebeldes do M23 haviam tomado o poder pela força. O ressurgimento do grupo em 2022 levou a uma das crises humanitárias mais graves no Congo, deslocando milhões de pessoas e provocando condenação internacional.
Após a aparição de Kabila em Goma, o Senado congolês concordou em revogar sua imunidade presidencial, abrindo caminho para a acusação. 'Isto é arbitrariedade e mostra como o sistema judicial está sendo manipulado para fins políticos,' reagiu Kabila na época, mantendo sua inocência.
Implicações mais amplas para a democracia do Congo
A condenação ocorre em meio a tensões contínuas entre Congo e Ruanda, com Kinshasa acusando Kigali de apoiar rebeldes do M23. Tanto as Nações Unidas quanto os Estados Unidos documentaram o envolvimento militar ruandês com o movimento rebelde, embora Ruanda negue essas acusações.
Este caso histórico marca um dos desenvolvimentos políticos mais significativos no Congo desde que o atual presidente Félix Tshisekedi assumiu o cargo em 2019. Ele demonstra a luta contínua por responsabilização em um país que conheceu décadas de conflito e instabilidade política.
Para mais informações sobre o conflito no leste do Congo, visite Cobertura do NOS sobre o conflito no leste do Congo.